Petroleiro abandonado na costa do Iêmen pode provocar desastre ambiental

Petroleiro abandonado na costa do Iêmen pode provocar desastre ambiental

ONU anunciou um inesperado "acordo de princípio" para transferir o petróleo de um navio abandonado em Hodeida

AFP

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A ONU anunciou na terça-feira um inesperado "acordo de princípio" no Iêmen para transferir o petróleo de um navio abandonado em Hodeida (oeste) para outra embarcação, com o objetivo de evitar um derramamento de combustível que os especialistas temem ser iminente. O FSO Safer, um navio ancorado no Mar Vermelho, está no porto estratégico sob o controle dos houthis, rebeldes apoiados pelo Irã no conflito devastador entre eles e as forças pró-governo, apoiadas pela Arábia Saudita.

Com cerca de 45 anos, o FSO Safer, usado desde 1987 como "tanque de petróleo flutuante", não recebe manutenção desde 2015. Ancorado a cerca de sessenta quilômetros das primeiras zonas habitadas, o petroleiro contém o equivalente a mais de um milhão de barris e pode partir-se, explodir ou incendiar-se a qualquer momento, segundo os especialistas.

Um derramamento de petróleo pode levar ao fechamento de seis meses do porto vital de Hodeida, essencial para a entrega de ajuda humanitária da qual 80% dos habitantes do Iêmen dependem. Também corre o risco de expor mais de 8,4 milhões de pessoas a altos níveis de poluentes, de acordo com estudos independentes.

Um vazamento pode ainda afetar países vizinhos, incluindo Djibuti, Eritreia e Arábia Saudita, bem como o tráfego marítimo comercial no Mar Vermelho. Em agosto de 2019, especialistas da ONU chegaram ao Djibuti para realizar uma missão de inspeção do petroleiro Safer.

A ONU há muito exigia acesso ao navio, mas foi frustrada pela procrastinação dos rebeldes. Em outubro de 2019, apesar de discussões com os houthis, a ONU anunciou que ainda não podia inspecionar o petroleiro Safer.

No ano seguinte, em novembro de 2020, os rebeldes novamente deram seu acordo por escrito para que a ONU realizasse uma inspeção e reparos iniciais. Uma equipe deveria chegar no final de janeiro ou início de fevereiro de 2021. Mas o acordo não foi aplicado.

Em maio de 2021, um vazamento detectado na sala de máquinas do navio foi selado. Em junho do mesmo ano, o Conselho de Segurança da ONU instou os houthis a facilitar o "acesso seguro e incondicional" ao navio.

E a ONG Greenpeace alertou: "o FSO Safer está enferrujando e pode quebrar ou explodir a qualquer momento". Os rebeldes iemenitas culpam a ONU por se recusar a assumir as operações de manutenção do navio sob o acordo de 2020.

Em julho de 2021, a ONU anuncia novamente que os houthis concordaram em princípio com uma inspeção. Em outubro, por falta de aplicação deste novo acordo, a organização insistiu na "grave ameaça representada pelo petroleiro".

O Conselho de Segurança julga que os houthis são "responsáveis" por esta situação, negando o acesso à ONU mesmo para manutenção mínima. No início de 2022, a organização internacional evocou "discussões positivas" com as autoridades do governo iemenita e os rebeldes para encontrar uma solução de emergência.

Em 15 de fevereiro, a ONU anunciou, durante uma reunião do Conselho de Segurança, um "acordo de princípio" com todas as partes para transferir o óleo do FSO Safer para outro navio.


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