Política de Trump elevou número de mortes na pandemia, diz relatório da "Lancet"

Política de Trump elevou número de mortes na pandemia, diz relatório da "Lancet"

Quatro em cada dez mortes pela Covid-19 poderiam ter sido evitadas caso o país seguisse a tendência do grupo de países mais ricos

AE

O estudo também condena a retirada dos EUA da OMS e a redução do financiamento à Opas

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Quatro em cada dez mortes pela pandemia de coronavírus nos Estados Unidos poderiam ter sido evitadas caso o país seguisse a tendência do grupo de países mais ricos do mundo. A conclusão é de um estudo conduzido por uma comissão de especialistas em saúde e política públicas, coordenado pela revista científica The Lancet, que atribui à política do ex-presidente Donald Trump milhares de mortes que seriam evitáveis, tanto no enfrentamento da pandemia quanto antes dela.

O estudo diz que a recusa de Trump em desenvolver uma estratégia nacional para enfrentar a crise sanitária levou à escassez de materiais de proteção pessoal e testes para identificar a Covid-19. Além disso, os dados mostram que, durante o período da pandemia, a mortalidade aumentou mais entre negros e hispânicos do que entre brancos - aumentando a desigualdade na expectativa de vida entre esses grupos.

A revista é a primeira a analisar com profundidade os efeitos do governo Trump na área da saúde nos EUA. O estudo também identificou o efeito de políticas públicas anteriores a Trump que deixaram o país com uma expectativa de vida pior do que em outros países de alta renda, o que deixou os EUA em condições piores para responder à pandemia quando a crise começou. A comissão, formada em 2017, reúne 33 especialistas das áreas de medicina clínica, saúde pública, epidemiologia, medicina comunitária, economia, nutrição, direito e ciência política dos EUA, do Reino Unido e do Canadá.

Segundo os autores, a condução da pandemia no governo Trump aumentou em 50% a diferença na taxa de mortalidade entre negros e brancos no país, e reduziu a expectativa de vida dos latinos em mais de três anos e meio. O estudo também condena a retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a redução do financiamento à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) - órgãos estratégicos para a resposta global à pandemia.

"A saúde dos americanos estava deteriorando mesmo enquanto nossa economia estava indo bem", disse o professor Steffie Woolhandler, da Universidade da Cidade de Nova Iorque, um dos coordenadores da comissão. "Essa dissociação sem precedentes entre a saúde e a riqueza nacional sinaliza que nossa sociedade está doente. Enquanto os ricos prosperaram, a maioria dos americanos perderam terreno economicamente e em termos médicos."

Era pré-Trump também tinha problemas

O estudo enfatiza que um retorno às políticas da era pré-Trump não seria suficiente para proteger a área da saúde. Em vez disso, os especialistas propõem reformas para reduzir desigualdades no sistema que, segundo a pesquisa, remontam a quatro décadas de políticas que enfraqueceram a rede de segurança social e de saúde.

A comissão diz que esse cenário anterior à entrada de Trump na Casa Branca deixaram os EUA particularmente vulneráveis à pandemia de coronavírus. Cortes no financiamento a agências públicas de saúde levaram à perda de 50 mil profissionais que atuavam na linha de frente do atendimento à saúde entre 2008 e 2016, segundo o estudo.


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