Porto Alegre tem protesto contra intervenção na Venezuela

Porto Alegre tem protesto contra intervenção na Venezuela

Manifestantes argumentam que EUA têm interesse no petróleo venezuelano

Henrique Massaro

Grupo protestou contra intervenção na Venezuela

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Contra o que consideram uma tentativa de intervenção norte-americana na Venezuela e a favor da legitimidade do governo de Nicolás Maduro, um grupo de entidades e partidos políticos se reuniu em manifestação na Esquina Democrática, no Centro Histórico de Porto Alegre, no início da tarde desta sexta-feira. O ato, que contou, inclusive, com a queima de uma bandeira dos Estados Unidos, se intitulava solidário ao povo venezuelano e se colocava contrário às tentativas de ajuda humanitária do governo americano ao país.

Da coordenação do Fórum Social Mundial e diretor da Associação Brasileira de ONGs (Abong), Mauri Cruz disse que o objetivo da manifestação era alertar dos riscos democráticos em se aceitar que países intervenham na autonomia de outros. De acordo com ele, o que vem ocorrendo é uma intervenção militar com interesse nas reservas de petróleo travestida de ajuda humanitária, pois não há apoio e reconhecimento desse auxílio pelas principais entidades mundiais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Cruz Vermelha. “Aceitarmos isso tacitamente, independente de concordar ou não com a ideologia do governo Maduro, é aceitar o fim da democracia e da autonomia dos povos”, afirmou.

Para o diretor da Abong, uma das entidades reunidas no ato, é o povo venezuelano que precisa ter poder de decisão. “Ele que deve decidir seu futuro e não aceitar tacitamente uma intervenção externa que a gente sabe, por óbvio, que o objetivo é econômico e não democrático”, destacou Cruz, que ainda ressaltou que países sem interesse direto no petróleo não estão apoiando as tentativas de ajuda humanitária.

Quando questionado sobre a possibilidade de a população venezuelana conseguir se manter sem o auxílio que o governo Maduro está impedindo, o diretor da Abong disse que esse tipo de discussão chega a ser hipócrita. Isso porque, segundo ele, o problema do país é um embargo norte-americano que não permite que sejam levados produtos alimentícios. De acordo com ele, a Venezuela não tem condições de comprar alimentos de países socialistas e comunistas em função disso.

Cruz acredita também que, se acontecer ajuda humanitária, precisa partir de organizações como a ONU e a Cruz Vermelha. O integrante da coordenação do Fórum Social Mundial, que destacou que a Venezuela se trata de um país rico em função das reservas de petróleo, disse que as pessoas reunidas na Esquina Democrática são favoráveis à decisão tomada pelo povo que elegeu o presidente, mas que não necessariamente concordam com todas as suas medidas. Também afirmou que é possível um confronto armado. “Se os EUA levarem a cabo o seu interesse de intervenção militar, certamente teremos uma guerra civil na Venezuela e isso pode mudar a paz em todo o continente. Aparentemente, a Rússia e a China não vão assistir a essa situação de forma pacifica. A gente, sim, pode estar na antessala de uma terceira guerra mundial.”

Da executiva estadual do PSOL, Neiva Lazzarotto disse que os manifestantes são contrários ao envolvimento do Brasil na situação. “A ajuda humanitária não é honesta, é um pretexto para entrar na Venezuela”, comentou.

No material entregue pelas entidades que organizaram o movimento, foi utilizada a frase “pela paz, conta a guerra, pela autodeterminação do povo venezuelano”. O folheto, assinado pelo Comitê Gaúcho em Solidariedade ao Povo Venezuelano – como foi chamado o grupo de entidades reunidas – destaca que Maduro é o governante legitimamente eleito pelo povo e que, “assim como no Iraque, na Líbia e na Síria, o que o imperialismo norte-americano quer é o petróleo da Venezuela”.


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