Prefeito de Seul encontrado morto após várias horas desaparecido

Prefeito de Seul encontrado morto após várias horas desaparecido

Park Won-soon, considerado um potencial candidato à presidência na Coreia do Sul, foi encontrado sem vida em uma montanha

AFP e AE

A filha do prefeito reportou seu desaparecimento na tarde desta quinta-feira

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O prefeito de Seul, Park Won-soon, considerado um potencial candidato à presidência na Coreia do Sul, foi encontrado morto após várias horas desaparecido, informou a polícia na sexta-feira. Na quarta-feira, uma funcionária da prefeitura da capital sul-coreana apresentou uma queixa à polícia contra Park por assédio sexual, segundo relatos da mídia.

O corpo do prefeito, de 64 anos, foi encontrado na montanha Monte Bukak, no distrito de Jogno, norte da capital sul-coreana, perto de onde ele foi visto pela última vez depois de sair de casa, informou a polícia, depois de uma busca realizada por centenas de policiais. Segundo a polícia, nenhuma carta foi encontrada no local, mas a agência de notícias Yonhap informou que "ele pode ter cometido suicídio".

A filha do prefeito reportou seu desaparecimento na tarde de quinta-feira, segundo a polícia. O prefeito saiu de casa na quinta-feira depois de dizer o que soou como suas "últimas palavras" e seu telefone foi desligado, disse a filha à polícia. 

Park deixou a residência oficial usando um chapéu preto e uma mochila, após cancelar uma reunião. Seu desaparecimento ocorreu um dia depois de uma secretária denunciar à polícia que ele a assediava sexualmente desde 2017, segundo duas estações de TV de Seul. Segundo a família, ele deixou "uma carta que se assemelhava a um testamento" e tinha desligado seu celular. Cerca de 600 policiais sul-coreanos procuraram pelo prefeito, com cães farejadores e drones.

Park, uma figura importante no Partido Democrata, de centro-esquerda, governava a capital da Coréia do Sul, lar de quase um quinto da população nacional, há quase uma década. Ele era considerado um potencial candidato a suceder o atual presidente Moon Jae-in nas eleições presidenciais de 2022.

Sua morte e a possível ligação com assédio sexual colocaram o país em choque, uma vez que Park tinha um histórico de defesa de direitos humanos, em especial das mulheres.

Como prefeito de uma cidade de quase 10 milhões de habitantes, Park era o segundo político mais influente do país, atrás apenas do presidente, Moon Jae-in, e desempenhou um papel de destaque na resposta da cidade à pandemia de coronavírus. Ele foi um dos mais agressivos líderes do país na contenção da covid-19. Seul tem apenas 1,4 mil casos confirmados da doença. Com um sistema de testagem em massa e restrições rígidas, a Coreia do Sul se tornou referência no controle da epidemia.

Ativista e popular. Prefeito de Seul desde 2011, Park foi considerado um crítico incansável da desigualdade de gênero e um antagonista da ex-presidente Park Geun-hye. Ele apoiou enormes manifestações contra ela em Seul, que finalmente levaram ao impeachment da então presidente sob acusações de corrupção, em 2017.

Nascido em Changyeong, na Província de Gyeongsang do Sul, ele tinha grande popularidade. Foi o único governante na história de Seul a ser reeleito para um terceiro mandato consecutivo. Antes de se tornar prefeito, Park foi um destacado advogado que fundou o grupo de direitos civis mais influente do país.

Como advogado, ele ganhou vários casos importantes, incluindo a primeira condenação por assédio sexual da Coreia do Sul. Park também fez campanha pelos direitos das chamadas "mulheres de conforto", escravas sexuais coreanas atraídas ou forçadas a trabalhar em bordéis para o Exército japonês durante a 2.ª Guerra.

Nos anos 80, durante a ditadura militar, ele ajudou a condenar um policial que abusou de uma estudante durante interrogatório.

Nos últimos anos, o movimento #MeToo ganhou força no país. Em abril, o prefeito da segunda maior cidade da Coreia do Sul, Busan, renunciou após admitir má conduta sexual e ser acusado de agredir uma funcionária pública.

Várias mulheres apresentaram acusações de abuso sexual contra uma série de sul-coreanos importantes, incluindo diretores de teatro, políticos, professores, líderes religiosos e um ex-treinador da equipe nacional de patinação de velocidade. Muitos dos acusados pediram desculpas e renunciaram a suas posições. Vários ainda enfrentam acusações criminais.


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