Presidente autoproclamada da Bolívia rejeita estipular prazo para sua saída

Presidente autoproclamada da Bolívia rejeita estipular prazo para sua saída

Entretanto, Constituição estipula prazo de 90 dias

AE

Segundo Jeanine, data de sua saída vai depender do andamento da realização de novas eleições gerais no país

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Questionada duas vezes sobre quando pretende deixar o governo, a autoproclamada presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, não respondeu à pergunta. Segundo ela, a data de sua saída vai depender do andamento dos trabalhos para a realização de novas eleições gerais no país, sua prioridade. A Constituição estipula prazo de 90 dias que termina em 22 de janeiro de 2020. Nesta sexta-feira, Jeanine concedeu sua primeira entrevista a correspondentes internacionais.

Ladeada pela ministra da Comunicação, Roxana Lizárraga, e pelo ministro da Economia, José Luiz Parada, ela entrou no salão central do Palácio Quemado, sede do governo boliviano, aparentando estar à vontade na nova função. Em meio a negociações com o Movimento ao Socialismo (MAS), partido do ex-presidente Evo Morales que detém dois terços do Parlamento, para pacificação do país, Jeanine contrariou a principal demanda dos socialistas, a garantia de que Evo poderá voltar ao país sem sofrer represálias.

Segundo ela, se o ex-presidente voltar, terá de enfrentar na Justiça acusações de fraude eleitoral e denúncias de corrupção. Em entrevista à agência Reuters, Evo afirmou que está disposto a não participar das eleições. "Pela democracia, se eles não querem que eu participe, não tenho nenhum problema. Só me pergunto por que tanto medo do Evo", afirmou na Cidade do México, onde está asilado. O ex-presidente afirmou ainda que não sabe quem poderia ser o candidato da esquerda caso não participe das eleições.

A presidente interina se posicionou de maneira enérgica no campo contrário ao de países governados pela esquerda como México, Cuba, Venezuela e Nicarágua. O governo cubano determinou o retorno dos médicos e colaboradores que enviou à 
Bolívia como parte de um programa de cooperação com a gestão de Evo após classificar de "falsas" as acusações do governo de Jeanine de que cubanos teriam financiado protestos. Na quinta-feira, Havana denunciou a "prisão injusta" da chefe de sua equipe médica na Bolívia, Yoandra Muro. Outros cinco integrantes da missão estão presos.

Parada, ministro interino da Economia, chegou a prever na quinta-feira a derrocada econômica do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández. Pouco depois, a nova chanceler, Karen Longáric, anunciou o rompimento de relações com o governo Nicolás Maduro e a expulsão de centenas de funcionários da embaixada venezuelana em La Paz. Karen também anunciou que a 
Bolívia deixará a Alba (Aliança Bolivariana) e está avaliando sair da Unasul (União das Nações Sul-americanas).

Autoproclamada em uma sessão esvaziada do Congresso e alvo de contestações internas e externas por não ter o número mínimo de parlamentares previsto em lei, Jeanine disse que impugnará a sessão realizada na quinta-feira pelo Senado, que escolheu a nova mesa diretora da Casa, sob comando do MAS. O motivo, segundo Jeanine, é a falta de quórum na sessão. 


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