Presidente de Israel encarrega opositor a formar governo após fracasso de Netanyahu

Presidente de Israel encarrega opositor a formar governo após fracasso de Netanyahu

Yair Lapid ficou em segundo lugar com 17 deputados nas eleições legislativas

AFP

publicidade

O presidente israelense, Reuven Rivlin, encarregou nesta quarta-feira (5) à noite o chefe da oposição, Yair Lapid, de formar um governo, após o fracasso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O anúncio foi feito durante um discurso oficial na sede da Presidência em Jerusalém.

O prazo concedido a Netanyahu após as eleições de 23 de março terminou à meia-noite e ele não conseguiu a maioria de 61 deputados dos 120 do Parlamento israelense (Kneset), o que permitiria estabelecer uma coalizão de governo. Se estivesse próximo de um acordo, poderia ter solicitado uma prorrogação de duas semanas. Mas ele não apresentou o pedido, afirmaram tanto a presidência como seu partido, o Likud (direita).

Após esse fracasso, que ainda não significa a saída do primeiro-ministro mais longevo da história de Israel, Rivlin teve três dias para decidir o próximo passo para tirar o país de dois anos de crise política.

Lapid, cujo partido Yesh Atid ("Há um futuro") ficou em segundo lugar com 17 deputados nas eleições legislativas, busca formar um "governo de unidade nacional" para afastar do poder Netanyahu, julgado por "corrupção" e "fraude".

Um governo de unidade nacional não é um compromisso ou uma solução de último recurso, é uma meta. É o que precisamos ", disse Lapid na noite de quarta-feira." Precisamos de um governo que reflita que não nos odiamos ", acrescentou.

"Mais possibilidades"

Reuven Rivlin recebeu Lapid esta manhã, assim como o líder da formação de extrema direita Yamina, Naftali Bennett. Ambos pediram-lhe mandato para formar o próximo governo. Paralelamente, o chefe de Estado israelense pediu aos partidos que lhe apresentassem possíveis candidatos ao cargo.

"Ficou claro pelas recomendações recebidas que Lapid tem uma chance melhor de formar um governo", declarou o presidente israelense.

Naftali Bennett, que conseguiu 7 deputados, está entre o "bloco de direita", que Netanyahu tentou unir sem sucesso, e o "bloco da mudança" que o Lapid tenta consolidar. No Parlamento, 65 dos 120 deputados são integrantes de partidos abertamente de direita. Mas duas formações, Yamina e "Nova Esperança", presidido por Gideon Saar, se negaram a aceitar uma união com Netanyahu.

Lapid e Bennett também poderiam tentar formar um governo juntos. Uma pesquisa do canal israelense 13 divulgada nesta quarta-feira mostra que 43% dos israelenses desejam um governo de ambos.

O líder do Yamina, que teria preferido participar de um "governo de direita", disse nesta quarta-feira que não poupará esforços para conseguir um governo de coalizão, embora "sem comprometer" seus ideais. "Bennett falou de um governo de unidade. É uma tentativa de enganar o público. Todos sabem que ele quer formar um perigoso governo de esquerda", respondeu Netanyahu.

Em um cenário político muito fragmentado, os campos de Lapid e Bennett precisariam unir-se não apenas com a esquerda, o centro e a direita decepcionada de Netanyahu, mas também com pelo menos um partido árabe. Se a oposição conseguir formar um governo de unidade, este seria o ponto final de um capítulo importante na história de Israel, com a saída de Netanyahu, no poder durante os últimos 12 anos.

Caso isto não aconteça, os israelenses podem ser obrigados a votar pela quinta vez em dois anos. Uma pesquisa do Instituto Democrático de Israel aponta que 70% dos israelenses esperam novas eleições.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895