Primeiro-ministro etíope chega ao Sudão para mediar crise

Primeiro-ministro etíope chega ao Sudão para mediar crise

Crise que sucedeu deposição do presidente provoca manifestações contra militares

AFP

Repressão de militares deixou 113 mortos, de acordo com blanço médico

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O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, chegou nesta sexta-feira a Cartum para tentar mediar a crise entre os militares que governam o Sudão e os líderes do movimento de protesto, após a bruta repressão dos manifestantes. Ahmed se reunirá com os comandantes do Conselho Militar, que assumiu o poder após a destituição do presidente Omar al-Bashir.

Mais tarde se encontrará com os líderes da revolta. "Recebemos um convite da embaixada da Etiópia para uma reunião com o primeiro-ministro etíope e vamos comparecer", declarou à AFP Omar al-Digeir, um dos líderes da revolta. Na segunda-feira, as forças de segurança dispersaram um acampamento dos manifestantes diante da sede do quartel-general do exército em Cartum e reprimiram qualquer tipo de protesto.

Ao menos 113 pessoas morreram na repressão, de acordo com o balanço de médicos próximos ao movimento de protestos. O governo cita 61 vítimas fatais. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a União Africana, a União Europeia e o governo dos Estados Unidos condenaram a repressão. Após a violência, representantes do movimento de protesto se negaram a negociar com os militares.

Os líderes dos protestos acusam as RSF, dependentes do poderoso Serviço Nacional de Informação e Segurança (NISS), de serem as responsáveis pela repressão e de imporem um clima de medo na capital. Alguns especialistas e ONGs compararam as RSF com as milícias Janjawid, acusadas de atrocidades na região sudanesa de Darfur, cenário há anos de um conflito sangrento.

Nos últimos dias, membros das RSF, fortemente armados, caminhavam pelas ruas da capital ou circulavam a bordo de caminhões. A visita de Ahmed acontece um dia depois de a União Africana (UA) ter anunciado a suspensão do Sudão com efeito imediato da organização continental, até que se estabeleça uma autoridade civil transitória. A posição da União Africana foi elogiada pela União Europeia (UE), que também pediu "um fim imediato da violência e uma investigação credível sobre os eventos criminosos".

"As negociações com a Aliança para a Liberdade e a Mudança (ALC, a principal organização da contestação) com vistas a implementar uma autoridade de transição liderada por civis devem ser retomadas", insistiu a UE. Os Estados Unidos também saudaram a "forte mensagem" da UA "às forças de segurança sudanesas pelo assassinato de civis inocentes e por exigirem a transferência de poder para um governo liderado por civis".


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