Protesto em consulado iraniano deixa quatro mortos no Iraque
Forças de segurança abriram fogo contra manifestantes incendiários
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Quatro manifestantes morreram no domingo à noite nos arredores do consulado do Irã em Kerbala, ao sul de Bagdá, informou o diretor do necrotério da cidade sagrada xiita. As forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes que tentavam incendiar o consulado iraniano.
O movimento de protestos no Iraque acusa o Irã de ser o arquiteto do sistema corrupto iraquiano. "Querem nos matar, não dispersar, não atiram para o alto", acusou um jovem manifestante. "Protegem o consulado de um país estrangeiro, quando nós queremos apenas que nosso país seja livre, sem nenhum outro país que o comande", completou.
Antes dos disparos, os manifestantes hastearam bandeiras iraquianas nos blocos de cimento que protegem o consulado. Em um dos muros do edifício, o grupo escreveu "Kerbala livre, Irã fora". Várias pessoas lançaram pedras contra o local. Kerbala, quinta cidade sagrada para os xiitas, abriga o santuário de Husayn ibn Ali, neto do profeta Maomé, um local visitado a cada ano por milhões de peregrinos iranianos.
As autoridades iraquianas interromperam na quarta-feira da semana passada a divulgação do balanço diário das vítimas dos confrontos em Bagdá e no sul do Iraque. Desde o início de outubro foram registradas mais de 257 mortes nas manifestações.
Após uma pausa, as manifestações foram retomadas em 24 de outubro, agora organizadas por estudantes e sindicatos, e os protestos agora se concentram em ocupar praças em um ambiente mais festivo. Em diversos pontos do país foram organizados atos de desobediência civil e vários sindicatos declararam uma greve geral.
A estrada que leva ao porto de Um Qasr (sul), vital para as importações de alimentos, foi fechada com blocos de cimento que contém a frase "Fechado por ordem do povo". No porto, dezenas de embarcações não foram autorizadas a entregar suas cargas.
Em Amara (sul), os manifestantes bloqueiam dois campos de petróleo administrados por empresas chinesas, o de Halfaya, o maior do país, e o de Buzurgan. A produção de petróleo (o Iraque é o segundo maior produtor da Opep) não foi interrompida, mas vários funcionários explicaram à AFP que não conseguem entrar nas instalações.
Em Samawa, estradas e pontes foram bloqueadas, enquanto em Al Hilla e Nassiriya (sul) quase todas as instituições públicas estavam fechadas. As autoridades decretaram toque de recolher noturno em Bagdá, mas a medida teve o efeito de aumentar o número de manifestantes na Praça Tahrir.