Protestos contra reeleição de Evo deixam 29 feridos na Bolívia

Protestos contra reeleição de Evo deixam 29 feridos na Bolívia

Candidato da oposição, Carlos Mesa acusou Morales de fraudar a votação

AE

Protestos atingem também a Bolívia após reeleição de Evo Morales

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Milhares de pessoas tomaram ontem as ruas de La Paz e outras cidades da Bolívia para protestar contra o resultado da eleição presidencial, que deu a vitória em primeiro turno ao presidente Evo Morales em meio a suspeitas de irregularidades. O candidato opositor, Carlos Mesa, acusou Evo de fraudar a votação e pediu à população que siga protestando. Ao menos 29 pessoas ficaram feridas e 57 foram presas.

Segundo os resultados oficiais do Tribunal Supremo Eleitoral, Evo teve 47,08% dos votos e Mesa, 36,51%. A Organização dos Estados Americanos (OEA), que observou a votação, pediu a realização de um segundo turno para dar credibilidade ao processo eleitoral.

O resultado definitivo somente foi divulgado na tarde de ontem, após o órgão eleitoral encerrar a apuração oficial. A diferença de 10,57 pontos porcentuais é suficiente para Evo vencer no primeiro turno, já que a constituição boliviana prevê que o vencedor deve obter ao menos 40% dos votos com 10 pontos de vantagem, caso não consiga a maioria.

Depois da votação de domingo, a transmissão de dados foi interrompida por 24 horas, o que motivou as suspeitas de irregularidades. Na volta da apuração, Evo tinha aumentado sua vantagem sobre Mesa.

Em La Paz, manifestantes se reuniram diante do TSE e, em El Alto, bloquearam estradas. Na Província de Santa Cruz, tradicional reduto da oposição, uma greve contra o resultado entrou no terceiro dia, com confrontos entre manifestantes e partidários do presidente. "Agora a paralisação está indefinida. O que nós queremos é o segundo turno, pois está demonstrado que isso foi uma fraude", disse o professor Rubén López, de 62 anos.

Na noite de ontem, Evo defendeu sua vitória, em meio às denúncias de fraude. Ele ainda acusou a oposição de "desconhecer o voto indígena" e questionou se é crime ganhar. Em toda La Paz havia pessoas apoiando Evo, com bandeiras bolivianas (nas cores vermelha, amarela e verde), gritando "Meu voto se respeita! Meu voto se respeita!", um dia depois de Mesa denunciar que houve "fraude" nas eleições de domingo. No bairro de Achumani, zona sul da capital, manifestantes repetiam "Evo de novo! Evo de novo!".

O presidente retomou ontem suas atividades públicas e foi inaugurar obras em povoados rurais, onde agradeceu o apoio dos camponeses na votação. Evo, que hoje completa 60 anos, foi parabenizado por camponeses que lhe deram um bolo e cantaram Feliz Aniversário.


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