Putin pede para exército ucraniano "tomar o poder" em Kiev

Putin pede para exército ucraniano "tomar o poder" em Kiev

Invasão russa chegou na capital da Ucrânia nesta sexta

AFP

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O presidente russo Vladimir Putin pediu nesta sexta-feira (25) ao exército ucraniano para "tomar o poder" em Kiev e derrubar o presidente Volodimir Zelenski e seu entorno, aos quais chamou de "neonazistas e viciados em drogas". "Tomem o poder em suas mãos. Acho que vai ser mais fácil negociar entre vocês e eu", disse Putin ao exército ucraniano em um discurso na televisão russa. 

O presidente russo afirmou que não combate unidades do exército e sim formações nacionalistas que se comportam "como terroristas", que usam civis "como escudos humanos". Putin disse que armas ucranianas foram colocadas em áreas civis. "E querem acusar a Rússia de causar baixas entre a população civil", acrescentou.

Putin também chamou o presidente Zelensky e seus ministros de "gangue de viciados em drogas e neonazistas, que se instalou em Kiev e está tomando todo o povo ucraniano como refém".

Moscou descreve as autoridades ucranianas como "neonazistas" ou "junta" desde 2014, quando eclodiu uma guerra no leste da Ucrânia entre separatistas pró-Rússia e forças de Kiev, apesar de Zelensky ter origens judaicas.

Tropas combatem em Kiev

A invasão russa da Ucrânia chegou a Kiev nesta sexta. Na capital ucraniana, ressoam alertas e tiros de artilharia, e cresce o medo de que a cidade seja conquistada por tropas inimigas ou submetida a um cerco.

As tropas russas se aproximavam de Kiev a partir do nordeste e do leste, segundo o exército ucraniano. Aumenta o temor de que a capital caia nas mãos de Moscou em poucas horas. 

No distrito de Obolonsky, zona norte da cidade, os civis correm em busca de refúgio. Os tiros e explosões são ouvidos no centro da capital, onde os moradores passaram a noite sob toque de recolher e entre o barulho das bombas.

Sabotagem

Algumas testemunhas afirmam que viram dois corpos perto de um blindado, que parecem ser de dois soldados russos, mas os militares ucranianos que inspecionaram o local não permitiram a aproximação dos jornalistas. "Dois veículos de combate da infantaria, com placa de identificação escondida, estavam transitando pela avenida. Não consegui ver a que unidade pertenciam", declarou o civil Yevgen Nalutay, de 39 anos.

Viktor Berbash, de 58 anos, morador da capital, afirmou à AFP que correu para a varanda quando ouviu um tiroteio. "Vi um veículo blindado e ouvi tiros de armas automáticas. E depois o veículo acidentado, que transportava o que provavelmente era uma arma antiaérea". 

Ele viu o momento em que o automóvel foi arrastado por um tanque, de forma intencional, afirma. "Os dois blindados circulavam pela rua e um deles mudou deliberadamente de faixa quando apareceu o veículo civil".

O ministério ucraniano da Defesa afirmou que a batida foi provocada por um "grupo inimigo de reconhecimento e sabotagem".

Forças russas chegaram na quinta-feira aos arredores de Kiev, quando vários helicópteros com tropas atacaram o aeroporto militar de Gostomel, perto de Obolonsky. O Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas, no entanto, afirmou nesta sexta-feira que controla o aeroporto militar de Gostomel, onde as tropas russas entraram na véspera. A AFP não conseguiu confirmar a informação com fontes independentes.

O ministério da Defesa pediu aos civis da área que peguem em armas. "Pedimos aos cidadãos que nos informem a movimentação dos inimigos, preparem coquetéis molotov e neutralizem o ocupante", afirma um comunicado.

As tropas russas intensificaram nas últimas horas a ofensiva contra a capital, onde, segundo as autoridades, vários mísseis caíram durante a madrugada.

As tropas ucranianas também indicaram que lutam contra unidades blindadas russas em duas cidades, Dymer e Ivankiv, localizadas a 45 e 80 quilômetros ao norte de Kiev.


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