República Democrática do Congo introduzirá nova vacina contra ebola

República Democrática do Congo introduzirá nova vacina contra ebola

Autoridades do país estimam início da operação para meados de outubro

AFP

Ex-ministro da saúde pediu demissão ao se opôr a aplicação de segunda dose

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As autoridades da República Democrática do Congo introduzirão em meados de outubro uma segunda vacina contra o ebola, que já matou mais de 2.000 pessoas no país africano. O anúncio desta segunda-feira da Organização Mundial da Saúde (OMS) coincide com as críticas da Médicos Sem Fronteiras (MSF) à organização internacional, que segundo a ONG estaria "racionando" a primeira vacina disponível contra a doença.

"As autoridades de saúde da República Democrática do Congo (RDC) anunciaram a intenção de introduzir uma segunda vacina experimental contra o ebola, produzida pela Johnson & Johnson, a partir de meados de outubro", informou a OMS em um comunicado.

A agência especializada da ONU indicou que a vacina será administrada a moradores em regiões onde não há transmissão ativa do vírus do ebola. "As autoridades da RDC, ao decidir pela adoção da segunda vacina experimental (...) demonstram mais uma vez sua liderança e determinação para acabar com esta epidemia o mais rápido possível", afirmou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no comunicado.

A 10ª epidemia no país desta doença, declarada no dia 1 de agosto de 2018, provocou 2.100 mortes até o momento. Em julho, a OMS elevou o nível de ameaça do ebola para "urgência de saúde pública de alcance internacional". Até agora, a RDC só utilizou a vacina experimental produzida pela Merck, considerada "muito eficaz e segura" pela OMS.

O ex-ministro da Saúde congolês Oly Ilunga pediu demissão em 22 de julho e denunciou tentativas de introduzir uma segunda vacina "por personagens que demonstraram uma clara falta de ética". Ilunga foi acusado de desvio dos fundos destinados à luta contra o ebola e colocado em prisão domiciliar em Kinshasa. Mais de 223.000 pessoas receberam a vacina durante a atual epidemia.

O medicamento continuará sendo administrado em todas as pessoas com risco elevado de infecção de ebola, incluindo aquelas que tiveram contato com uma pessoa que teve a infecção confirmada. Os contatos de contatos de pessoas infectadas com o vírus também são vacinados, de acordo com o princípio conhecido como "vacinação em anel", explicou a OMS.

Em maio, o Grupo Estratégico Consultivo de Especialistas da OMS publicou novas recomendações para enfrentar as dificuldades relacionadas com a vacinação contra o ebola na RDC, sugerindo em particular a adoção da vacina desenvolvida pela Johnson & Johnson. O laboratório belga Janssen Pharmaceuticals, filial do grupo americano Johnson & Johnson, anunciou na ocasião que estava pronto para enviar doses de vacina em grandes quantidades.

A epidemia atual é a segunda mais importante na história da doença do vírus do ebola, atrás da que matou quase 11.000 pessoas em três países do oeste da África (Guiné, Libéria e Serra Leoa) entre 2013 e 2014. A febre hemorrágica de ebola, altamente contagiosa, provoca a morte de entre 25% e 90% dos infectados, de acordo com a OMS.

O vírus é transmitido por contato direto com o sangue, secreções corporais (suor, fezes, etc), por via sexual e pela manipulação sem precaução de cadáveres contaminados.


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