Sanders e Buttigieg trocam farpas a dois dias das primárias em New Hampshire

Sanders e Buttigieg trocam farpas a dois dias das primárias em New Hampshire

Financiamento de campanhas foi o tema abordado em declarações dos dois candidatos

AFP

Sanders atacou candidato adversário nas primárias democratas

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Bernie Sanders e Pete Buttigieg levaram, neste domingo, a disputa pela indicação presidencial democrata para as ondas de rádio enquanto tentam vencer as primárias no estado de New Hampshire. O senador de Vermont, de 78 anos, e o ex-prefeito de South Bend, Indiana, de 38 anos, lideraram em Iowa, em eleições marcadas pelo caos gerado em torno de seu resultado, que acabou sendo suspenso pelo Partido Democrata até que seja feita uma recontagem definitiva. Sanders, um esquerdista cujo estado natal faz fronteira com New Hampshire, parece liderar as intenções de voto, segundo quatro pesquisas publicadas neste domingo. Em todas elas, o moderado Buttigieg aparece em segundo, seguido pela senadora de Massachusetts Elizabeth Warren e pelo ex-vice-presidente Joe Biden.

"Acho que temos uma excelente oportunidade de vencer", disse Sanders à CNN. "Eu me candidato contra um candidato, Pete Buttigieg, que levantou dinheiro de mais de 40 bilionários", acrescentou. "Nosso apoio vem da classe trabalhadora deste país", acrescentou. Sua campanha, baseada principalmente em pequenos doadores, alega ter captado US$ 25 milhões no mês passado. Buttigieg nega essas afirmações. "Bem, Bernie é bastante rico e aceito com satisfação uma contribuição dele", brincou, antes de afirmar com mais seriedade: "Esta é a disputa de nossas vidas. Não sou fã do atual sistema de financiamento de campanhas, mas eu também insisto que temos que entrar nisso com todo o apoio que pudermos". Ele também enfatizou que está "construindo o movimento que vai derrotar Donald Trump", impulsionado por doações de cerca de dois milhões de pessoas. 

"Muito mais difícil"

Buttigieg e Biden, cuja condição de favorito nacional à indicação democrata para a eleição presidencial dos EUA foi questionada pelo quarto lugar que ocupou em Iowa, disseram que seria muito mais difícil para seu partido derrotar Trump em novembro se Sanders vencer as primárias. As posições de Sanders na extrema esquerda do espectro americano, com propostas como a extensão do programa Medicare a toda a população de seu país, foram recebidas com entusiasmo por Trump, que disse a um entrevistador na semana passada: "Eu acho que ele é comunista". 

Para Buttigieg, seria "muito mais difícil" para o partido ganhar com Sanders do que com um candidato mais moderado, quase as mesmas palavras usadas por Biden no programa "This Week" da ABC. "Acho que será muito mais difícil" vencer com Sanders, disse o ex-braço direito de Barack Obama, embora tenha prometido "trabalhar muito para ele" se Sanders conseguir a indicação. O senador de Vermont ignora essas críticas de que ele é radical demais para os eleitores americanos. "A verdade é que nossa agenda é precisamente a agenda que um grande número de pessoas deseja", disse Sanders à CNN, destacando o apoio entusiasmado que ele obtém entre os jovens. 

Ao passar do anonimato para uma certa fama, Buttigieg enfrentou cada vez mais críticas. A campanha de Biden, por exemplo, destacou sua experiência limitada em nível nacional e sua suposta dificuldade de se conectar com o eleitorado negro, fundamental para os democratas. Buttigieg "não foi capaz de unificar a comunidade afro-americana", disse Biden, acrescentando que, para obter a nomeação democrata, é preciso estar entre os primeiros em estados muito maiores e mais diversos do que os predominantemente brancos de Iowa e New Hampshire. "Terei que trabalhar mais, assim como fiz em South Bend, onde uma coalizão multiracial me deu a vitória pela segunda vez", respondeu o ex-prefeito, que exerceu o governo municipal entre 2012 e 2019, na ABC.

A história recente mostra que é quase impossível para um democrata ganhar a indicação do partido sem estar entre os dois primeiros em Iowa ou New Hampsshire. Tanto Biden quanto Warren disseram que poderiam ser a exceção a essa regra. Depois de New Hampshire, haverá primárias em Nevada, dia 22 de fevereiro, e na Carolina do Sul, dia 29. Nos dois estados os eleitores são demograficamente mais diversos. Em seguida virá a "Super terça-feira", em 3 de março, com eleições em 14 estados.


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