Sem neve e com impacto no turismo, Moscou tem dezembro mais quente em 133 anos

Sem neve e com impacto no turismo, Moscou tem dezembro mais quente em 133 anos

Ministério do Meio Ambiente alertou que o país está esquentando cerca de 2,5 vezes rápido que o resto do mundo

Correio do Povo

Normalmente, a capital russa fica tomada por neve no inverno

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A onda de calor que atinge a Rússia fez com que os termômetros registrassem 6,2ºC na terça-feira na capital Moscou, a temperatura mais quente já apontada pelo Centro de Pesquisa Hidrometeorológico para o dia na cidade em 133 anos. Os moradores estão lamentando um dezembro sem a constante camada de neve que define os invernos no páis, quando a pouca luz que há normalmente reflete na cobertura branca e ilumina a urbe. "Considerando que nos dias restantes antes do Ano Novo a temperatura do ar deve ser significativamente mais alta que o normal, pode-se argumentar que 2019 na capital será o mais quente da sua história em seu registro meteorológico", afirma uma nota do instituto. 

O calor sem precedentes que penetrou o território da Rússia europeia com os fluxos de ar do sudoeste e atualizou os máximos de temperatura em várias cidades ao mesmo tempo. Além da Capital, registraram recordes, por exemplo, Bogoroditsk (região de Belgorod, com 7,2°C, ante 6,2°C de 1960), e Mozhaysk, na região de Moscou, com 7,4°C – o valor mais alto era 6°C, atingidos em 2015. A questão tão delicada que foi a primeira pergunta feita ao presidente Vladimir Putin durante sua entrevista coletiva de mais de quatro horas na quinta-feira passada. Ele respondeu que "ninguém conhece" as origens do aquecimento global, mas reconheceu que é um problema sério e que a Rússia "deve empreender o máximo de esforços para garantir que o clima não mude dramaticamente".

A situação tem afetado a economia e o turismo locais. O site de uma estação de esqui suburbana apresenta um boletim de desculpas que está fechado no momento por causa das condições desagradáveis, acrescentando: "Inverno, você se lembra o que é inverno?". No Jardim Boticário da Universidade Estadual de Moscou, prímulas e rododendro e snowdrops estão entre as plantas que floresceram prematuramente. "Como o solo ainda não congelou, eles misturaram as estações do ano", explicou o jardineiro Anton Dubenyuk ao jornal Meduza.

A seção europeia da Rússia está efrentando aumento de estimado entre 5 e 8 graus Celsius em relação ao normal para o final de dezembro.  Na Sibéria, que derrete rapidamente, as mudanças climáticas radicais estão deformando o ciclo da naturalmente escassa flora desenterrando restos de mamutes pré-históricos. Os cientistas concluíram que o aquecimento global moderno é quase inteiramente devido às emissões humanas de gases de efeito estufa que capturam calor, como dióxido de carbono e metano.

O país aderiu ao acordo climático de Paris em setembro, um dos últimos países a fazê-lo, mas um mês depois, a legislação sobre mudanças climáticas foi diluída após objeções empresarias. O Ministério do Meio Ambiente alertou que o país está esquentando desproporcionalmente rápido em comparação com o resto do mundo, cerca de 2,5 vezes mais rápido que a média global.


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