Senado recebe pedido de convocação do embaixador de Angola no Brasil

Senado recebe pedido de convocação do embaixador de Angola no Brasil

Diplomata será chamado para explicar deportação de 17 missionários do país africano

Correio do Povo

Igreja Universal anunciou mudanças no comando da instituição em Angola

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A comissão de Relações Exteriores do Senado recebeu na segunda-feira o pedido de convocação do embaixador de Angola no Brasil para explicar a deportação de missionários brasileiros que não cometeram nenhum crime no país africano. No mesmo dia, deputados da frente parlamentar evangélica se reuniram com o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, para discutir a situação da Igreja Universal em Angola.

Os 17 missionários da instituição foram expulsos por autoridades angolanas, de maneira arbitrária, na última semana. Especialistas em relações internacionais têm cobrado do Itamaraty uma posição mais firme na defesa de brasileiros perseguidos no exterior. O ministro França teria informado aos deputados que o caso foi passado diretamente para o presidente Jair Bolsonaro. O deputado federal Milton Vieira (Republicanos/SP) afirmou que deve ser criada uma comissão para ir a Angola para cuidar a questão de perto. “O presidente Jair Bolsonaro disse que vai ligar para o João Lourenço, presidente da Angola e pedir que um grupo seja atendido lá, com algum representante da Igreja aqui do Brasil”, citou. Segundo Vieira, é preciso que o motivo das expulsões seja esclarecido. “Até agora ninguém falou e não existia nenhum brasileiro ilegal lá”, destacou. Ele informou ainda que o ministro França lhe esclareceu que vem acompanhando essa situação. 

A Igreja Universal anunciou nesta quarta-feira que decidiu fazer mudanças no comando da instituição. Com esta decisão, o Bispo Honorilton Gonçalvez deixa suas funções como Presbitério Geral em Angola. Em seu lugar entra o Bispo Alberto Segunda. A Universal também convocará uma reunião extraordinária de sua assembleia geral para eleger novos membros, que serão cidadãos angolanos, do Conselho de Direção e da Mesa da Assembleia.

Conforme especialistas ouvidos pelo Portal R7, o Ministério das Relações Exteriores falhou ao não ter uma ação direta no conflito. Em um requerimento, o senador Nelsinho Trad Filho (PSD/MS), que faz parte da Comissão de Relações Exteriores do Senado, teria pedido o comparecimento do embaixador de Angola no Brasil, Florêncio Mariano da Conceição e Almeida. Ele argumentou que especialistas consideram a ação angolana “uma ofensa aos direitos humanos”. 

A perseguição aos brasileiros em Angola começou em 2019. Na época, ex-bispos e ex-pastores da Igreja Universal, que foram expulsos da instituição por denúncias de conduta imoral e atos criminosos, invadiram e assumiram à força o controle dos templos angolanos. Em ações violentas, agrediram os ex-colegas brasileiros e ocuparam, até mesmo, as residências onde eles moravam. Com apoio do governo angolano ao grupo dissidente, a polícia passou a reprimir com violência as manifestações pacíficas dos integrantes da Igreja Universal. Diversos processos tramitam na Justiça angolana contra o abuso de autoridade, porém estão sem respostas. Além disso, representantes da igreja protocolaram uma carta-denúncia no escritório das Nações Unidas, em Angola.

O deputado estadual Sergio Peres (Republicanos) manifestou, ontem, sua indignação e considerou um “descaso com os nossos irmãos brasileiros”, referindo-se à falta de ação das autoridades. A declaração foi feita durante reunião ordinária da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, quando Peres relatou que tem havido uma série de ações de perseguição religiosa e política que, na opinião do parlamentar, violam tratados internacionais e os direitos humanos. Peres destacou que, segundo especialistas em direito internacional, o ato das autoridades de Luanda no dia 11 deste mês foi considerado ilegítimo e o Ministério das Relações Exteriores falhou ao não responder com uma ação direta no conflito. “Esses brasileiros deportados não tiveram sequer tempo de se despedir de suas famílias, sendo embarcados à força em avião apenas com a roupa do corpo”, relatou.


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