Situação de liberdade de expressão na Catalunha preocupa repórteres de ONG

Situação de liberdade de expressão na Catalunha preocupa repórteres de ONG

Jornalistas têm sofrido repressão tanto dos separatistas quanto do governo da Espanha

AFP

Guarda Civil foi a sedes da mídia catalã para lhes entregar ordem judicial, proibindo qualquer publicidade sobre a consulta separatista

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A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) manifestou preocupação, nesta quinta-feira, com a liberdade de expressão na Catalunha, em meio a um "clima envenenado" e em plena crise entre o governo regional separatista e o Executivo central. Em um informe divulgado hoje, a ONG considerou que "os constantes desafios lançados mutuamente pelos Governos central e catalão apenas agravaram um clima por si só já muito contaminado para a liberdade de informação na Catalunha". A tensão segue em escalada na região, entre o governo separatista empenhado em organizar no domingo um referendo de autodeterminação proibido pela Justiça, e o Poder central, que tenta evitá-lo a todo custo.

A RSF também denunciou os "linchamentos nas redes sociais, aparentemente instigados e/ou como reação dos entornos de poder na Catalunha" e "pela utilização de procedimentos judiciais com fins intimidatórios contra veículos de comunicação catalães de linha separatista". "Ainda que as notificações e o assédio nas redes afetem todas as tendências, ideologias e partidos políticos, a Repórteres Sem Fronteiras vê maior gravidade ao que procede de esferas próximas ao poder, porque tem muito maior impacto em termos de autocensura e amedrontamento", continuou a ONG.

Os jornalistas catalães que trabalham para veículos não separatistas são "os que mais sofrem a fúria do 'ciberhooliganismo' separatista nas redes sociais e as pressões políticas e institucionais", relatou a RSF, com base em testemunhos. Em protestos a favor do referendo em meados de setembro, manifestantes gritavam para jornalistas "Imprensa espanhola, manipuladora", arrancando seus microfones, ou cobrindo suas câmeras, acrescenta o informe.

A RSF disse ainda que os correspondentes estrangeiros em Barcelona, Madri, ou Bruxelas, são particularmente acompanhados pelos dirigentes separatistas e por sua assessoria. "A sensação de que, escrevam o que escreverem, suas matérias são observadas com lupa, (...) é quase generalizada entre os correspondentes", diz o informe.

Outro ponto preocupante para a RSF diz respeito às ações tomadas por instituições espanholas para evitar o referendo, que atingiram jornalistas da imprensa catalã, sobretudo, de linha editorial favorável ao separatismo. Em 15 de setembro, agentes da Guarda Civil foram a sedes da mídia catalã para lhes entregar uma ordem judicial, proibindo qualquer publicidade sobre a consulta. A RSF viu nisso "um certo cheiro intimidador".

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