Situação de liberdade de expressão na Catalunha preocupa repórteres de ONG
Jornalistas têm sofrido repressão tanto dos separatistas quanto do governo da Espanha
publicidade
A RSF também denunciou os "linchamentos nas redes sociais, aparentemente instigados e/ou como reação dos entornos de poder na Catalunha" e "pela utilização de procedimentos judiciais com fins intimidatórios contra veículos de comunicação catalães de linha separatista". "Ainda que as notificações e o assédio nas redes afetem todas as tendências, ideologias e partidos políticos, a Repórteres Sem Fronteiras vê maior gravidade ao que procede de esferas próximas ao poder, porque tem muito maior impacto em termos de autocensura e amedrontamento", continuou a ONG.
Os jornalistas catalães que trabalham para veículos não separatistas são "os que mais sofrem a fúria do 'ciberhooliganismo' separatista nas redes sociais e as pressões políticas e institucionais", relatou a RSF, com base em testemunhos. Em protestos a favor do referendo em meados de setembro, manifestantes gritavam para jornalistas "Imprensa espanhola, manipuladora", arrancando seus microfones, ou cobrindo suas câmeras, acrescenta o informe.
A RSF disse ainda que os correspondentes estrangeiros em Barcelona, Madri, ou Bruxelas, são particularmente acompanhados pelos dirigentes separatistas e por sua assessoria. "A sensação de que, escrevam o que escreverem, suas matérias são observadas com lupa, (...) é quase generalizada entre os correspondentes", diz o informe.
Outro ponto preocupante para a RSF diz respeito às ações tomadas por instituições espanholas para evitar o referendo, que atingiram jornalistas da imprensa catalã, sobretudo, de linha editorial favorável ao separatismo. Em 15 de setembro, agentes da Guarda Civil foram a sedes da mídia catalã para lhes entregar uma ordem judicial, proibindo qualquer publicidade sobre a consulta. A RSF viu nisso "um certo cheiro intimidador".