"Situação se agravou, mas Brasil não vai intervir", diz ministro

"Situação se agravou, mas Brasil não vai intervir", diz ministro

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Heleno, diz que Venezuela sabe que país não irá intervir militarmente

AE e R7

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), general Augusto Heleno, negou intervenção militar do Brasil

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O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), general Augusto Heleno, disse nessa terça-feira que, apesar da situação da Venezuela ter se agravado, o governo brasileiro seguirá o preceito constitucional de não intervir em conflitos internos de países amigos.

“Tivemos o agravamento da situação quando lançaram blindados em cima da população à pé, o que é bastante violento (...) Há o preceito constitucional e o Brasil vai manter, de não interferir em assuntos internos de países amigos. Eles sabem que não vamos intervir militarmente”, afirmou Heleno.

De acordo com Heleno, também ainda é uma incógnita o tamanho do apoio militar ao autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que tenta derrubar o presidente Nicolás Maduro. "A gente está vendo que continuamos longe de uma solução", disse Heleno, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Os dois, acompanhados do vice-presidente Hamilton Mourão e dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Defesa, Fernando Azevedo estiveram reunidos para avaliar a situação da crise venezuelana.

Há relatos de confrontos entre manifestantes e forças de segurança nas ruas da capital do país, Caracas, após Guaidó afirmar que tem o apoio dos militares para, segundo ele, conseguir "o fim definitivo da usurpação" do governo de Nicolás Maduro.

A partir da divulgação do anúncio de Guaidó pelas redes sociais, venezuelanos contrários e favoráveis a Maduro tomaram as ruas da capital venezuelana. De acordo com Heleno, apesar de não se verificar uma movimentação militar na Venezuela, Guaidó anunciou um maciço apoio das forças militares, mas ainda é incerto a qualidade e a quantidade desse apoio. "Logo depois, isso foi colocado na dimensão correta, havia um certo apoio das forças armadas, mas não chegava a atingir os altos escalões, isso ficava num escalão mais baixo", disse o general do GSI.

"O que tem parecido é que esse apoio tenha algum valor quantitativo, mas qualitativo ele ainda não foi expressado. Não teve nenhum chefe militar que a gente tivesse assistido ou ouvido em um apoio explícito ao presidente Guaidó". Para o ministro, após relatos de confrontos leves entre a população civil, "estilo briga de torcida, de jogar pedra um no outro", houve um agravamento da situação quando carros blindados se lançaram contra a população a pé. Um ato de covardia, segundo Heleno.

"É o tipo da coisa surpreendente. Pode ser uma demonstração de desespero ou pode ter sido decisão daquele comandante", disse. Apesar de contar com apoio das forças armadas, para o general do GSI, Maduro está "evidentemente" mais enfraquecido do ponto de vista de apoio popular. Também é incerto, segundo ele, como está o movimento no interior do país ou na fronteira com a Colômbia.

Na manhã desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro manifestou solidariedade com o povo venezuelano após a crise. Em sua conta no Twitter, o presidente disse que apoia a liberdade e desejou que os venezuelanos "finalmente vivam uma verdadeira democracia." Bolsonaro voltou a manifestar apoio à saída do presidente Nicolás Maduro do poder.

Também pela manhã, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que a ida para as ruas de Juan Guaidó, presidente autoproclamado da Venezuela, e do líder oposicionista Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar, mostra que "houve um passo decisivo, sem volta" na situação no país vizinho. Entretanto, o militar ressaltou que é preciso aguardar as próximas horas para se saber exatamente o que poderá acontecer.


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