Sobe venda de coletes salva-vidas em Bagdá para migrar para a Europa
Iraquianos arriscam a vida em travessias marítimas para deixar o país
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Assim como outros jovens, Ali sempre conheceu um Iraque violento e turbulento. Ele nasceu no momento da invasão do Kuwait pelo então presidente Saddam Hussein, em 1990, cresceu vivenciando a guerra e as sanções internacionais ao país, depois com a intervenção americana em 2003 e, finalmente, com a presença ameaçadora e crescente do grupo radical Estado islâmico (EI).
Para viajar para a Europa, o colete salva-vidas é essencial, já que nem sempre as embarcações precárias que levam os refugiados possuem o artigo. Milhares de migrantes morreram afogados porque não sabiam nadar. Além disso, o preço dos coletes é mais barato no Iraque do que na Turquia, de onde começa perigosa travessia para a Grécia, país da União Europeia e porta de entrada para a Europa ocidental.
A maioria das lojas de artigos esportivos ficam na rua Rachid, em Bagdá. Amer, que trabalha em uma dessas lojas, explica aos clientes que os coletes vendidos são concebidos para uso em piscinas e rios, e não para enfrentar o alto-mar. Esta advertência dissuade alguns, mas não todos, especialmente os jovens, que constituem a maior parte da clientela.
Aprender a nadar antes de viajar
Para aumentar as chances de sobreviver no mar, os candidatos à viagem também estão fazendo curso de natação. "A natação ajuda nas guerras, nas viagens... A natação ajuda em todas as circunstâncias", assegura Ali Mahdi Alwan, um instrutor de 52 anos e antigo membro da equipe de natação do exército iraquiano.
Quinze pessoas estão fazendo o curso com ele com o objetivo de abandonar o Iraque, afirma Alwan, e as aulas são dadas no Tigre, o rio que atravessa a capital Bagdá. "Este é o segundo grupo que treino", afirma o professor. No total, mais de 9 mil iraquianos conseguiram chegar à Grécia entre janeiro e agosto, o quinto maior grupo por nacionalidade, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Os jihadistas do Estado Islâmico condenaram recentemente o fluxo de migrantes rumo à Europa, já que esse tipo de viagem infringe um dos princípios fundadores de seu califado, autoproclamado em um território entre a Síria e o Iraque: a hijra, ou seja, a migração que só pode ser feita para um país muçulmano.