Soldados israelenses atropelados e confrontos fatais em Jerusalém

Soldados israelenses atropelados e confrontos fatais em Jerusalém

Quinta-feira foi um dia de grande violência, que deixou 14 feridos e três mortos

AFP

Incidentes aconteceram nove dias após o anúncio do "plano de paz" de Trump para o Oriente Médio

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Um atropelamento intencional no centro de Jerusalém deixou 14 feridos, a maioria soldados israelenses, na madrugada desta quinta-feira, em um dia de grande violência que também registrou as mortes de três palestinos pelo exército de Israel, um deles abatido na Cidade Santa, após disparar contra policiais.

Os incidentes aconteceram nove dias depois do anúncio do projeto do presidente americano Donald Trump para o Oriente Médio, que pretende transformar Jerusalém na capital "indivisível" de Israel, recebido com entusiasmo pelos israelenses e rejeitado pelos palestinos.

Na quinta-feira, dois palestinos foram mortos a tiros pelo exército israelense em Jenin, ao norte da Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, informou o Ministério da Saúde palestino. Além disso, um palestino morreu na cidade velha de Jerusalém, quando, segundo a polícia, ele tentou atirar em vários agentes.

Horas antes, durante a noite, um carro atropelou várias pessoas, entre elas muitos soldados israelenses, no oeste de Jerusalém. Segundo a polícia, o veículo atingiu as pessoas por volta da 01H45 (às 20H45 da quarta-feira em Brasília).

O exército de Israel, após uma intensa busca, anunciou na quinta-feira a prisão de um suspeito: "após uma importante operação do exército e do Shin Beth (serviço de inteligência interno), a polícia israelense e outras unidades especiais prenderam o terrorista que perpetrou o ataque com um carro nesta manhã em Jerusalém".

O movimento islâmico palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, elogiou o ataque, que considerou uma "resposta" ao plano do presidente americano Donald Trump para o Oriente Médio, que prevê transformar Jerusalém na capital "indivisível" de Israel. Em 2017, quatro soldados israelenses morreram em u ataque similar.

Advertência de Netanyahu

"Gostaria de dizer algo a Abu Mazen (apelido do presidente palestino Mahmoud Abbas): isso não lhes dará nada, nem facadas, ataques ou incitação à violência", declarou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, perto do local onde o suspeito foi preso. "Faremos todo o necessário para garantir nossa segurança, estabelecer nossas fronteiras, garantir nosso futuro. Faremos isso com você ou sem você", afirmou.

Abbas havia ameaçado romper a cooperação de segurança com Israel na esperança de eliminar o plano de Washington, que confere Jerusalém a Israel como capital e prevê a anexação de partes da Cisjordânia.

Desde o anúncio do plano de Trump, manifestações diárias são registradas nos territórios palestinos, sobretudo em Hebrin, sul da Cisjordânia, onde um palestino morreu em uma ação do exército na quarta-feira. "É o 'acordo do século' que criou essa atmosfera de escalada e essas tensões", disse o porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeina, referindo-se ao apelido do projeto americano que será defendido nesta quinta-feira por seu arquiteto, Jared Kushner, genro de Trump.

De acordo com o plano promovido pelo presidente Donald Trump, Israel também poderia anexar as colônias judaicas na Cisjordânia ocupada, especialmente no Vale do Jordão. O projeto também contempla a criação de um Estado palestino desmilitarizado no que restar da Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Demolição

Na Cisjordânia ocupada, dois palestinos morreram e seis ficaram feridos em confrontos com o exército israelense em Jenin. De acordo com a agência oficial palestina Wafa, as vítimas fatais são Yazan Abu Tabikh, 19 anos, e Tarek Badwane, 25, membro das forças de segurança palestinas.

Os distúrbios explodiram após a demolição da casa de Ahmed Qanbah, um palestino membro de um comando que executou um ataque em 2018 que provocou a morte de um rabino na região de Nablus, cidade palestina da Cisjordânia próxima a Jeni. A ação obedece à política do exército de destruir residências de pessoas responsáveis por ataques.


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