Solto após pagar fiança, Bannon alega que prisão teve motivação política

Solto após pagar fiança, Bannon alega que prisão teve motivação política

Ex-estrategista de campanha e mentor do presidente Trump adotou um tom desafiador após ser preso

AE

Nesta sexta, Bannon evitou bater de frente com o presidente

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Steve Bannon, ex-estrategista da Casa Branca e mentor do presidente Donald Trump, adotou um tom desafiador após ser preso, na quinta-feira, acusado de fraude e de lavagem de dinheiro. Segundo promotores americanos, ele teria desviado dinheiro destinado à construção de um muro na fronteira com o México para pagar despesas pessoais. Ontem, Bannon disse que a acusação tem "motivação política".

"Não vou recuar. A prisão foi um ato político. Todo mundo sabe que eu amo uma briga. Por muito tempo, eu fui chamado de texugo-do-mel. Você sabe, o texugo-do-mel nunca desiste. Então, a luta é longa", disse Bannon, em seu programa War Room, em referência ao animal, considerado um dos mais corajosos do mundo.

Na quinta-feira, após Bannon ser indiciado, Trump tentou se distanciar dele, criticando o grupo We Build the Wall ("Nós Construímos o Muro"), por interferir em uma tarefa que seria do Estado. "Eu não sei nada sobre o projeto (do muro), além de que eu não gostava. Quando li, não gostei, porque era um trabalho para o governo, não é para a iniciativa privada."

Nesta sexta, Bannon evitou bater de frente com o presidente. "O que ele disse está absolutamente correto", afirmou, sobre as declarações de Trump. "Construir o muro é função do governo. Mas veja quantos problemas o presidente Trump teve."

Trump encontrou dificuldades para construir o muro na fronteira - sua principal promessa de campanha -, diante de obstáculos jurídicos, logísticos e da oposição por parte do Congresso. Seu governo havia completado 48 novos quilômetros e substituído outros 386 quilômetros de barreiras ao longo da fronteira, que tem cerca de 3,2 mil quilômetros.

Neste contexto, mais de 330 mil apoiadores doaram fundos para a construção do muro de maneira autônoma. O grupo ligado a Bannon construiu duas seções em propriedades particulares nos Estados do Novo México e do Texas, e recebeu críticas de moradores que dizem que as licenças necessárias não foram adquiridas.

Além de Bannon, foram presos outros três acusados: Timothy Shea, ex-agente da DEA (agência antidrogas dos EUA), Brian Kolfage, ex-militar, e o investidor Andrew Badolato. Ao todo, eles teriam desviado US$ 25 milhões (R$ 140, 5 milhões). O ex-estrategista de Trump se declarou inocente e foi libertado no mesmo dia, após pagar US$ 5 milhões de fiança.

O tribunal também impôs restrições de viagem a Bannon, que não poderá deixar o país, nem usar aviões ou barcos particulares sem a autorização. "Isso (a prisão) é para impedir e intimidar as pessoas que apoiam o presidente Trump na construção do muro. Nunca vamos parar de defender o muro", disse Bannon. "Essa coisa é um disparate completo. Não vou recuar um centímetro."

Movimento

Guru dos conservadores americanos, Bannon dirigia o site de direita Breitbart News - uma das principais vozes do chamado movimento "alt-right", a extrema direita dos EUA, que envolve nacionalistas, supremacistas brancos, neonazistas e antissemitas. Ele deixou a função após ser convidado para se juntar à campanha de Trump como o principal estrategista do então candidato republicano.

Bannon, que é antiglobalista, desde então promove uma variedade de causas e candidatos de direita nos Estados Unidos e em outros países do mundo, incluindo o Brasil, onde tem ligações principalmente com o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.


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