Suíços votam sobre a naturalização de netos de imigrantes

Suíços votam sobre a naturalização de netos de imigrantes

Campanha foi marcada por comentários antimuçulmanos da direita populista

Correio do Povo

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Os suíços começaram a ir às urnas neste domingo para decidir sobre a proposta do governo de simplificar o processo de naturalização de netos de imigrantes, depois de uma campanha marcada por comentários antimuçulmanos da direita populista. Os primeiros resultados das pesquisas de boca de urna são esperados para o início da tarde, após o encerramento da votação ao meio-dia (9h de Brasília).

A adoção deste decreto federal exige a aprovação de uma dupla maioria: a maioria dos votos válidos e uma maioria dos 26 cantões da Suíça. Um grande número de suíços, chamados a votar várias vezes por ano em referendos, votaram pelo correio nas três semanas antes da eleição.

O projeto do governo visa acelerar o processo de concessão da nacionalidade suíça aos netos de imigrantes, mas exclui qualquer aquisição automática de cidadania. Durante a próxima década, cerca de 2,3 mil jovens da "terceira geração" poderia beneficiar a cada ano da "naturalização facilitada", uma procedimento mais rápido e menos oneroso, de acordo com o governo.

Por agora, cerca de 25 mil netos de imigrantes, principalmente originários da Itália, mas também da Turquia e dos Balcãs, atendem aos critérios. Uma maioria do Parlamento apoia o projeto. Mas o UDC (União Democrática do Centro, partido da direita populista com o maior número de deputados na câmara baixa) alertou os suíços contra a "superpopulação estrangeira e um aumento maciço do número de muçulmanos".

"Em uma, duas gerações, o que serão esses estrangeiros da terceira geração? Eles não serão italianos, nem espanhóis ou portugueses", explicou antes da votação o deputado do UDC Jean-Luc Addor, copresidente do comitê contra a naturalização.

Este comitê colou nas estações ferroviárias e locais muito frequentados das cidades suíças cartazes mostrando uma mulher usando o niqab (véu integral islâmico que só deixa os olhos a mostra) com o slogan: "Naturalização descontrolada? NÃO".

Segundo a última pesquisa divulgada em 1º de fevereiro pelo instituto gfs.bern, o "sim" ganharia com 66% dos votos, contra 31% para o "não", com 3% de indecisos. Outra pesquisa publicada no mesmo dia pelo grupo de comunicação Tamedia aponta o "sim" vencedor com 55%, contra 44% do "não".

No entanto, as surpresas eleitorais não são excluídas na Suíça. Em 2009, as pesquisas não conseguiram prever a aceitação da proposta do UDC de proibir a construção de minaretes na Suíça. Para o governo, "esses jovens estrangeiros passaram suas vidas inteiras na Suíça e, portanto, devem poder adquirir mais facilmente a nacionalidade": "sua pátria é a Suíça".

Se a medida for aprovada, as condições para a naturalização vão permanecer inalteradas: o candidato deverá dominar ao menos uma das quatro línguas nacionais (alemão, italiano, francês e romanche) e respeitar as leis e os valores fundamentais da Constituição.

O candidato deve ser nascido na Suíça e ter frequentado a escola suíça por pelo menos cinco anos, além de ter 25 anos no máximo. Um dos seus pais também deve ter vivido ao menos 10 anos na Suíça e ter frequentado a escola por, pelo menos, cinco anos. Finalmente, um dos seus avós deve ter tido uma autorização de residência na Suíça ou ter nascido no país. O limite de candidatura de 25 anos coincide com a idade em que o suíço escapa do serviço militar obrigatório.

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