Taxa de morte materna pela Covid-19 dobra e governo orienta adiar gravidez

Taxa de morte materna pela Covid-19 dobra e governo orienta adiar gravidez

País teve 108 vítimas fatais por mês, em média, contra 54 no ano passado

AE

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O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Medeiros, afirmou nesta sexta-feira que a pasta recomenda às mulheres que, se possível, adiem a gravidez enquanto durar o pico da pandemia. As taxas de morte materna pela Covid-19 no Brasil dobraram este ano na comparação com 2020. Em média, foram 108 mortes mensais em 2021, ante 54 no ano passado.

Desde o início da pandemia, foram 979 mortes de grávidas e mulheres que acabaram de dar à luz. O governo recomenda que grávidas de grupos prioritários se vacinem, após avaliação médica.

"Neste momento do pico epidêmico, pela situação que está acontecendo em alguns locais, deve ser avaliado - como aconteceu com o zika vírus em 2016 -, caso possível, postergar um pouco a gravidez para um melhor momento, com uma gravidez mais tranquila", disse Medeiros, que atribuiu a piora à nova variante do vírus. "É óbvio que a gente não pode falar isso para alguém que tem 42 ou 43 anos, mas para uma mulher jovem, que pode escolher seu momento de engravidar, o mais indicado agora é esperar um pouquinho até a situação ficar um pouco mais calma", completou.

Segundo Medeiros, apesar da falta de estudos, "a visão clínica de especialistas mostra que a variante nova tem ação mais agressiva" nas grávidas. "Antes estava mais ligada ao final da gravidez e puerpério e hoje já vemos evolução mais grave no 2º trimestre e quiçá, por vezes, até no 1º trimestre." Especialistas apontam que grande parte das mortes maternas pela covid é decorrente de falhas na assistência a grávidas e mulheres que acabaram de dar à luz.

Dados sobre mortes de gestantes e puérperas revelam que um quarto das que morreram este ano não recebeu atendimento em UTI. Conforme o Sivep-Gripe, banco de dados do ministério, a proporção de grávidas que morreram no início da gestação não se alterou ante o ano passado. A maior parte dos óbitos ocorreu no último trimestre de gestação.

O governo destinou R$ 247 milhões a ações de apoio para grávidas e puérperas. A ideia é reforçar redes de atenção, dar condições para que as gestantes façam teste no fim da gravidez e, se preciso, possam fazer isolamento e evitar a infecção.


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