Tropas dos EUA no norte da Síria recebem ordem de deixar o país

Tropas dos EUA no norte da Síria recebem ordem de deixar o país

Cerca de mil soldados sairão do país, deixando apenas um pequeno contingente de 150 na base do sul em Al Tanf

AFP

Base militar abandonada pelas tropas americanas

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Todas as tropas americanas no norte da Síria receberam ordens de deixar o país diante dos ataques da Turquia aos curdos na região, afirmou uma uma autoridade dos Estados Unidos nesta segunda-feira. Cerca de mil soldados sairão do país, deixando apenas um pequeno contingente de 150 na base do sul da Síria em Al Tanf, disse a autoridade, um dia depois que o presidente Donald Trump ordenar a evacuação. "Estamos executando a ordem", disse o oficial à AFP.

O secretário de Defesa americano, Mark Esper, havia anunciado no domingo que seu país retiraria até 1.000 soldados do norte da Síria, mas não havia esclarecido se eles deixariam o país ou se simplesmente se retirariam das áreas onde ocorre o conflito entre as forças turcas e curdas. Estes últimos são aliados dos ocidentais na luta antijihadista.

O presidente Trump alertou na segunda-feira que os Estados Unidos não "travarão outra guerra entre pessoas que enfrentam há 200 anos". "Você realmente acredita que entraremos em outra guerra contra a Turquia, que é membro da OTAN? As guerras sem fim terminarão", disse o presidente no Twitter.

Erdogan comemora

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, celebrou o anúncio de domingo do Pentágono sobre a retirada de até 1.000 soldados americanos do norte da Síria. "É um enfoque positivo", declarou Erdogan, durante uma entrevista coletiva em Istambul, ao ser questionado sobre o anúncio feito no domingo pelo diretor do Pentágono, Mark Esper.

A Turquia iniciou na semana passada uma operação no nordeste da Síria contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais por seu papel na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), mas que é considerada uma organização "terrorista" por Ancara.

Após o anúncio sobre a retirada dos militares americanos, as YPG alcançaram um acordo com o regime sírio que, segundo as autoridades curdas, prevê a mobilização do exército de Damasco no norte da Síria.

O jornal Al Watan, próximo ao governo sírio, afirmou que o acordo estabelece "a entrada do exército sírio nas cidades de Manbij e de Ain al Arab (nome árabe de Kobane)", na região norte da Síria e que poderiam entrar no alvo da Turquia. Ancara exige há vários meses a retirada das forças curdas de Manbij, o que o presidente Erdogan reiterou nesta segunda-feira.

"Quando Manbij estiver vazio, não somos nós, Turquia, que iremos para lá. São nossos irmãos árabes, que são os verdadeiros proprietários (...) Nosso enfoque é garantir que retornem e garantis sua segurança", disse Erdogan. "Nossa decisão foi tomada sobre Manbij, agora estamos na fase de aplicação", completou.

O chefe de Estado também elogiou a "visão positiva" da Rússia, dando a entender que não espera que Moscou, aliado do regime de Damasco, manifeste oposição a um ataque das forças turcas em Kobane. "No que diz respeito a Kobane, nesta etapa, parece que não haverá nenhum problema, graças à visão positiva da Rússia ", disse Erdogan.


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