Trump acirra confronto com o Congresso e recusa colaborar com investigação de impeachment

Trump acirra confronto com o Congresso e recusa colaborar com investigação de impeachment

Presidente dos EUA qualificou processo de "teatro político partidarista"

AFP

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acirrou nesta terça-feira o confronto com o Congresso em torno do processo de impeachment promovido pelos democratas na Câmara de Representantes. O Executivo "não vai participar deste exercício de teatro político partidarista", afirma carta enviada à Câmara, controlada pelos democratas. "Esta investigação carece de base constitucional, de qualquer pretensão de imparcialidade e, inclusive, do respeito mais elementar ao devido processo", destacou o presidente.

Trump é acusado de tentar obter ajuda da Ucrânia para conseguir informações comprometedoras do ex-vice-presidente democrata Joe Biden, principal pré-candidato democrata às eleições de 2020. A Casa Branca destacou ainda o fato de que a Câmara não programou uma votação formal sobre o processo de impeachment. Em meio à queda de braço, o governo bloqueou nesta terça-feira o depoimento do embaixador dos Estados Unidos junto à União Europeia, Gordon Sondland. "Gostaria de mandar o embaixador Sondland, um homem realmente bom e um grande norte-americano, para que dê seu testemunho, mas, infelizmente, estaria testemunhando diante de um circo armado totalmente parcial", tuitou Trump.

A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, qualificou a decisão do governo de "tentativa de esconder os fatos". O anúncio da Casa Branca "é simplesmente outra tentativa ilegal de esconder os fatos e os esforços descarados da administração Trump para pressionar governos estrangeiros a interferir nas eleições de 2020", declarou Pelosi. O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, Adam Schiff, um dos democratas à frente da investigação, disse à imprensa que "o fato de não apresentar esta testemunha" traz "provas ainda mais contundentes de obstrução das funções constitucionais do Congresso".

Rico empresário do setor hoteleiro e importante doador da campanha de Trump, Sondland está envolvido em uma cadeia de mensagens de texto entregue ao Congresso na semana passada pelo ex-enviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia Kurt Volker. As conversas entre ambos, Volker e Sondland, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, e um assistente da Presidência ucraniana expuseram os esforços do governo Trump para pressionar Kiev a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter por suspeita de corrupção ligada com a Ucrânia.

Nas mensagens, discute-se uma eventual reunião na Casa Branca entre Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em troca de investigar possíveis irregularidades dos Biden. "Sabemos que o embaixador Sondland foi um ator-chave no esforço para obter o compromisso da Ucrânia de investigar uma teoria conspiratória falaciosa em relação às eleições (presidenciais) de 2016, assim como a Joe Biden e seu filho", declarou Schiff.

Os republicanos que apoiaram na semana passada o pedido de Trump para que Ucrânia e China investiguem os Biden sob o pretexto de combater a corrupção, deflagraram uma contraofensiva no Senado, onde são a maioria. A senadora Lindsey Graham, uma grande aliada de Trump, anunciou sua intenção de convidar Giuliani para testemunhar sobre os supostos casos de "corrupção" envolvendo os Biden e uma empresa de gás ucraniana. "Estou cansada de escutar apenas um lado desta história", tuitou Graham.


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