Trump ameaça sobretaxar europeus caso não apoiem EUA na crise com Irã

Trump ameaça sobretaxar europeus caso não apoiem EUA na crise com Irã

Presidente pressiona por ativação do mecanismo de resolução de controvérsias do acordo nuclear iraniano

AFP

Ministra Annegret Kramp-Karrenbauer confirmou ameaça de Trump

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A ministra alemã da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, confirmou nesta quinta-feira que Washington ameaçou Alemanha, Reino Unido e França com a imposição de tarifas de 25% sobre sua importação de automóveis, caso não ativem o mecanismo de resolução de controvérsias do acordo nuclear iraniano.

"Esta expressão - ou ameaça, como queiram chamá-la - existe", afirmou a ministra, em entrevista coletiva em Londres, confirmando notícia publicada esta semana pelo jornal The Washington Post.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, já havia acusado esses três países europeus signatários do acordo (junto com Estados Unidos, China e Rússia) de sacrificar "o que resta" do pacto nuclear para protegerem seus interesses econômicos e evitarem uma possível chantagem do presidente americano, Donald Trump.

Washington denunciou e abandonou em 2018 o pacto negociado pelo antecessor, o presidente democrata Barack Obama. A decisão levou o Irã a deixar de cumprir alguns de seus compromissos, estabelecidos para impedi-lo de desenvolver armas nucleares em troca da suspensão de sanções.  

Trabalhando para impedir a guerra

Já o presidente do Irã, Hassan Rohani, declarou hoje que trabalha diariamente para impedir uma guerra no momento em que as relações entre Teerã e Washington vivem um período de grande tensão.

Em 8 de janeiro, Teerã atacou com mísseis duas bases iraquianas que abrigavam militares dos Estados Unidos em resposta ao ataque com drones que matou o general Qassim Suleimani, o principal militar iraniano, dias antes, em Bagdá. Dias depois, um avião comercial com 176 pessoas foi derrubado por engano ao ser alvo de mísseis iranianos.

O presidente do Irã afirmou ainda que seu país está enriquecendo mais urânio a cada dia do que antes da assinatura do acordo nuclear de 2015. "Estamos enriquecendo mais urânio do que antes do acordo", disse o mandatário.

O acordo nuclear estipulava que o Irã não poderia exceder um limite de armazenamento de urânio de 300 quilos e nível de enriquecimento de 3,67%. O acordo nuclear ficou enfraquecido desde a saída dos Estados Unidos em maio de 2018 e a volta de sanções ao Irã, que o restante dos signatários (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) não conseguiram neutralizar.


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