Trump diz ter desistido de atacar o Irã 10 minutos antes

Trump diz ter desistido de atacar o Irã 10 minutos antes

Tensão entre países cresce embora ambos afirmem não querer uma guerra

AFP

Presidente afirma que cancelou ataques ao Irã no último instante

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O Irã alertou nesta sexta-feira que defenderá seu território contra qualquer ataque dos Estados Unidos depois de abater um drone americano, enquanto o presidente Donald Trump afirmou que não tem pressa de responder militarmente, explicando que cancelou no último instante os ataques previstos para quinta-feira à noite.

Em sua tradicional série de tuítes matinais, Trump disse que anulou os ataques, que visaria três alvos iranianos, "10 minutos" antes do horário previsto, afirmando ter sido informado que provocaria cerca de 150 mortos, algo "desproporcional" a seu ver.

Nesta sexta-feira, o Irã exibiu imagens apresentadas como as dos "destroços" do drone derrubado na quinta e afirmou que emitiu dois alertas antes de disparar contra o aparelho que, segundo explicou, violou o espaço aéreo iraniano. Os Estados Unidos asseguram que o drone foi abatido no espaço aéreo internacional. Este novo episódio é percebido como uma consequência da política de "pressão máxima" conduzida pelo governo de Donald Trump, que quer pressionar o Irã a reduzir ainda mais suas ambições nucleares e limitar sua influência regional.

O vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, enviou uma mensagem "urgente" a Washington via Suíça, dizendo que seu país "não está buscando a guerra", mas que "defenderá resolutamente seu território contra qualquer agressão".

A embaixada da Suíça em Teerã representa os interesses americanos na ausência de relações diplomáticas entre os dois países desde 1980. Logo após a queda do drone, Trump teria aprovado ataques de retaliação contra "um punhado de alvos iranianos, como radares e baterias de mísseis", segundo o jornal New York Times, que citou uma autoridade do governo.

"A primeira fase da operação tinha começado quando foi cancelada", acrescentou o jornal. "Os aviões estavam no ar e os navios em posição, mas ainda não tinham disparado mísseis quando a ordem de parar chegou". A Casa Branca se recusou a comentar.

Bola de fogo

Diante de escalada, as companhias aéreas KLM, Qantas, Singapore Airlines, Malaysia Airlines e Lufthansa seguiram as empresas americanas optando por evitar voar sobre o Golfo de Omã e o Estreito de Ormuz, um ponto de passagem estratégico para o fornecimento global de petróleo na região do Golfo.

Nesta sexta, a televisão estatal iraniana exibiu imagens apresentadas como aquelas dos destroços do drone Global Hawk. "Os destroços flutuantes foram recuperados pelas forças navais e transferidos para Teerã", disse o general de brigada Amirali Hajizadeh. Outras peças do dispositivo afundaram. De acordo com o chefe da força aeroespacial da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do país, o Irã emitiu dois alertas antes de abater o drone.

A televisão estatal também exibiu o trecho de um vídeo apresentado como a interceptação o drone por um míssil "3-Khordad", mas sua autenticidade não pode ser imediatamente comprovada. As imagens mostram um míssil disparado de uma bateria móvel durante a noite. Depois de um corte, vemos uma explosão e uma bola de fogo descendo verticalmente. Trump primeiro chamou de "grande erro" o disparo iraniano.

Em visita à Arábia Saudita, país aliado dos Estados Unidos e grande rival regional da República Islâmica, o enviado especial americano para o Irã, Brian Hook, acusou Teerã de ser responsável por "agravar as tensões e de continuar a rejeitar as aberturas diplomáticas americanas". Neste contexto, a Rússia alertou contra um possível uso dos Estados Unidos da força contra o Irã, dizendo que isso seria "um desastre".

Por outro lado, Israel pediu à comunidade internacional para apoiar os Estados Unidos contra o Irã. As tensões não pararam de aumentar desde a retirada americana, em maio de 2018, do acordo internacional sobre a energia nuclear do Irã, seguida pela nova intodrução das sanções contra o Irã. A situação piorou com ataques a petroleiros na região do Golfo em maio e junho, e dos quais Washington acusa Teerã, que nega.


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