Trump enfrenta clima hostil em viagem a El Paso e Dayton após tiroteios

Trump enfrenta clima hostil em viagem a El Paso e Dayton após tiroteios

Duas tragédias deixaram 31 mortos no EUA nesse fim de semana

AFP

Em Dayton, Ohio, protestantes aguardam chegada do presidente americano

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitou nesta quarta-feira as críticas de que sua retórica tenha estimulado o extremismo no país, antes de iniciar sua viagem para El Paso e para Dayton, cidades que foram alvo de tiroteios em massa no último fim de semana.

Trump tem sido bastante criticado desde as duas tragédias que deixaram 22 mortos em uma loja da rede Walmart de El Paso, no Texas, uma localidade de maioria hispânica na fronteira com o México, e mais nove vítimas fatais em outro ataque em Dayton, Ohio.

Em El Paso, oito dos mortos eram mexicanos que faziam compras na loja, quando o agressor abriu fogo. Antes de decolar rumo a Dayton, Trump insistiu em que a violência "não tem nada a ver" e disse à imprensa na Casa Branca que sua "retórica" une as pessoas. "Meus críticos são políticos. Estão tentando tirar vantagem. E, em muitos casos, estão aspirando à Presidência", atacou.

Trump afirmou ainda que tanto ele quanto os líderes do Congresso apoiam uma mudança na legislação para impedir que pessoas com problemas mentais portem armas, impondo mais controles. "Acho que a verificação de antecedentes é importante. Não quero pôr armas nas mãos de pessoas que são mentalmente instáveis, ou de pessoas com raiva, ou com ódio, pessoas que estão doentes. Sou a favor disso", explicou.

O presidente se pronunciou contra, porém, a proibição de fuzis de assalto, incluindo as armas semiautomáticas usadas pelos agressores de El Paso e Dayton. "Posso lhes dizer que não há um apoio político para isso neste momento", frisou, antes de viajar.

No Twitter, a secretária de Imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, disse que as visitas a essas duas cidades serão dedicadas a "honrar as vítimas, reconfortar as comunidades e agradecer aos socorristas e aos profissionais de saúde por suas ações heroicas".

Moradores e políticos rejeitam visita

Em ambas as localidades, protestos foram convocados e, em Dayton, os manifestantes esperavam o presidente na saída do hospital onde ele deve visitar os feridos. A prefeita de Dayton, a democrata Nan Whaley, seguiu o protocolo e recebeu o presidente na saída do avião quando desembarcou. Ontem, ela defendeu que "as pessoas se colocassem de pé e dissessem que não estão satisfeitas".

Em El Paso, a congressista democrata pelo Texas Verónica Escobar garantiu que se manterá afastada. "Da minha perspectiva, ele não é bem-vindo aqui. Não deveria vir aqui", disse a representante à emissora MSNBC na terça-feira.

Único pré-candidato latino nas primárias do Partido Democrata, Julián Castro afirmou que as palavras e as ações de Trump "apenas pioram as coisas durante uma crise".

A contragosto e alegando ser parte das obrigações do cargo, o prefeito da cidade, o republicano Dee Margo, recepcionou Trump em sua chegada.

Trump reagiu irritado às acusações de que seu governo está dividindo o país, deliberadamente. "Sou a pessoa menos racista. O desemprego de negros, hispânicos e asiáticos é o mais baixo na história dos Estados Unidos", tuitou na terça.

Seus discursos e tuítes de campanha repetem, contudo, a ideia de que a fronteira com o México sofre uma "invasão". Em maio passado, por exemplo, o presidente riu e brincou quando, em um comício, seus seguidores gritaram que se devia "atirar" nos imigrantes em situação ilegal. Trump também lançou uma dura campanha contra congressistas democratas pertencentes a minorias.

O agressor de El Paso, um jovem branco de 21 anos que foi capturado vivo, publicou na Internet um manifesto, afirmando que o ataque era "uma resposta à invasão hispânica do Texas". Já os motivos do atirador de Dayton, de 24, abatido pela polícia na cena do crime, são menos claros. Segundo a imprensa americana, ele teria antecedentes de posturas misóginas.


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