Trump já admite derrota na Câmara, mas confia em absolvição no Senado

Trump já admite derrota na Câmara, mas confia em absolvição no Senado

Presidente americano afirmou que ainda não decidiu se vai cooperar com o Congresso

AE

Democratas, que controlam a Câmara, investigam se Trump cometeu abuso de poder

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O presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu nessa sexta-feira, que os democratas têm votos suficientes para aprovar o impeachment na Câmara dos Deputados, mas ressaltou que o Senado, de maioria republicana, o absolverá. Trump afirmou ainda que não decidiu se vai cooperar com o Congresso.

Os democratas, que controlam a Câmara dos Deputados, investigam se Trump cometeu abuso de poder ao pressionar a Ucrânia a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter. O pré-candidato democrata é seu maior rival na disputa presidencial de 2020. "Os democratas, infelizmente, têm os votos", disse Trump.

O presidente manifestou confiança de que os republicanos, seus aliados no Senado ficarão ao seu lado. Para que ele seja destituído, seria preciso que 20 dos 53 senadores republicanos abandonassem o barco. "Temos um ótimo relacionamento com o Senado e os senadores veem isso (o impeachment) como uma fraude", declarou.

A Câmara dos Deputados, presidida pela democrata Nancy Pelosi, precisa de uma maioria simples de 218 legisladores para enviar as acusações ao Senado. Os democratas ocupam 235 das 435 cadeiras e já teriam número suficiente para avançar o processo de impeachment, aberto na semana passada em razão de uma conversa telefônica entre

Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em 25 de julho, na qual o americano pediu a investigação sobre Biden.

Nesta sexta, o novo procurador-geral da Ucrânia, Ruslan Ryaboshapka, anunciou que vai "analisar em detalhes vários casos arquivados" por seus antecessores, entre eles o que envolve a Burisma Holdings, empresa com a qual Hunter Biden colaborava. A informação levantou dúvidas sobre se a Ucrânia estava ou não se curvando à pressão de Trump.

Como se não bastasse o escândalo da Ucrânia, nesta sexta o presidente se viu envolvido em outra frente. Segundo a CNN, Trump teria negociado com a China um pacto de silêncio sobre os protestos pró-democracia em Hong Kong em troca de obter algum progresso nas negociações comerciais com Pequim. A informação foi divulgada um dia depois de Trump pedir publicamente à China que também investigasse Biden.

De acordo com a reportagem, que cita duas fontes que não quiseram se identificar, em um telefonema ao presidente da China, Xi Jinping, em 18 de junho, Trump também mencionou o nome da pré-candidata democrata à presidência Elizabeth Warren, que tem crescido nas pesquisas.

As fontes não deram detalhes do conteúdo das discussões, mas afirmaram que os registros do telefonema foram arquivados em um servidor secreto, exatamente como foi feito com o diálogo com Zelenski.

Em sua defesa, Trump disse ontem ter o "direito absoluto" e até a obrigação de combater a corrupção, "mesmo que isso signifique pedir ajuda de outro país". "Isso não tem nada a ver com política ou com uma campanha contra os Bidens", afirmou. "Isso tem a ver com a corrupção deles."

Os democratas, no entanto, criticaram o súbito interesse do presidente pelo combate à corrupção e ao nepotismo, citando o caso recente de Ivanka Trump, filha do presidente, que está envolvida em um conflito de interesse na China.

Ivanka obteve autorização para registrar várias marcas em seu nome na China dias depois que seu pai retirou restrições a uma empresa chinesa, a gigante das telecomunicações ZTE, que estava no centro das negociações comerciais entre Pequim e Washington. Ivanka é conselheira do pai, mas continua se beneficiando das vendas dos produtos de sua empresa, boa parte deles feitos na China. 


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