Turistas franceses viajam para Catalunha apesar de alerta por surto de coronavírus

Turistas franceses viajam para Catalunha apesar de alerta por surto de coronavírus

Primeiro-ministro Jean Castex "exortou" os franceses a "evitarem" ir para região

AFP

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Apesar das recomendações de seu governo, as famílias francesas se dirigiram neste sábado para a Catalunha, região espanhola que vive um surto de coronavírus, sem abandonar seus planos de descansar, tomar sol na praia e aproveitar as férias. No posto fronteiriço de Perthus, não se viu o influxo dos grandes dias e o tráfego é tranquilo. "Para um sábado de férias, é uma calma surpreendente", disse um policial que verifica os documentos dos viajantes.

Na área de descanso "Village Catalan", a poucos quilômetros da fronteira, os veículos que retornam da Espanha encontram os que vão. "Ouvimos as recomendações do primeiro-ministro, mas já tínhamos chegado a Toulouse (sul da França). Sabemos que teremos que intensificar nossa vigilância, ter muito cuidado", disse à AFP Jean Louis T., que viaja da Normandia (norte da França) com a esposa e o filho de 15 anos.

Eles estão prestes a passar três semanas em uma residência de férias perto de Tarragona. "Vamos nos autoconfinar, mas em uma casa de férias e na praia. Nada mal!", reconhece. "Eu gostaria de ter uma indicação mais clara. Ou podemos ou não podemos. Com o que ele (o primeiro-ministro francês) disse, as pessoas ficam realmente confusas", argumenta sua esposa Armelle.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro Jean Castex "exortou" os franceses a "evitarem" ir para a Catalunha, uma das regiões mais turísticas da Europa, "enquanto a situação sanitária não melhorar".

Embora a circulação viral esteja "claramente aumentando" na França, a Occitania, vizinha da Catalunha, é uma das regiões menos afetadas até o momento e ninguém está hospitalizado por COVID-19 no departamento de fronteira dos Pirineus Orientais.

Muito atentos

Fanny Lievens, sua mãe e dois filhos, de 10 e 15 anos, dizem que "não têm escolha". "Se cancelarmos nossas férias planejadas desde de fevereiro, perderemos o dinheiro do aluguel", diz. A família, originalmente de Montpellier, não está preocupada. "Ficaremos muito atentos. Se eles decidirem fechar a fronteira, estaremos a uma hora e meia de carro", afirma Lievens.

Do outro lado da fronteira, na praia de Lloret de Mar, 75 km a nordeste de Barcelona, a presença de turistas estrangeiros, principalmente franceses, era significativamente menor do que nos anos anteriores. "A temporada é tão ruim que, se menos franceses vierem, nada acontece", resume Ramón Arrufat, 54 anos, dono de uma loja de artigos de praia.

Josep Mula, 54 anos, que administra uma loja de aluguel de caiaques com 80% de clientes estrangeiros, acredita que as autoridades francesas deveriam ter especificado as áreas e não afetar todo o local turístico. "É um pouco injusto", lamenta.

"As notícias são muito recentes, no momento não há cancelamentos. Isso pode criar, para algumas pessoas, certas dúvidas. Mas, ao longo das semanas, verão que as incidências não estão aqui. Foi feito um trabalho forte", diz Felipe Rigat, 52 anos, proprietário de um hotel em Lloret de Mar em que 40% dos clientes são franceses.

"O francês representa, em uma temporada normal, 33% das diárias em Lloret de Mar, é o nosso principal cliente", explica Enric Dotras, vice-presidente de Associação de Empresas de Turismo de Lloret de Mar.

 


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