UE detecta fake news por "fontes russas" nas eleições europeias

UE detecta fake news por "fontes russas" nas eleições europeias

Atividade teria objetivo de desestimular participação de eleitores

AFP

Documentos identificam materiais questionando legitimidade democrática da UE

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Autoridades europeias detectaram uma "contínua e sustentada atividade de desinformação da parte de fontes russas" durante as eleições europeias, com o objetivo de influenciar os eleitores e desestimular a sua participação - revela um relatório divulgado pela Comissão Europeia nesta sexta-feira. Bruxelas havia soado o alarme no período que antecedeu as eleições no final de maio, com algumas autoridades identificando Moscou claramente como um potencial condutor de campanhas de "notícias falsas".

Os Estados-membros foram convocados a coordenar sua vigilância, e houve forte pressão nas redes sociais, como Facebook e Twitter. Esta mobilização não revelou, porém, propriamente falando, "uma campanha maciça de manipulação das eleições europeias orquestrada por um único ator", disseram as autoridades de Bruxelas, no relatório apresentado nesta sexta-feira. "Mas as evidências reunidas revelaram atividades contínuas e sustentadas de desinformação por parte de fontes russas destinadas a limitar a participação eleitoral e a influenciar as preferências dos eleitores", acrescenta o texto.

Quase três semanas após a votação, o primeiro balanço apresentado por Bruxelas não é alarmista. "Não houve um Big Bang" de desinformação, nem escândalo comparável ao caso Cambridge Analytica que envolveu o Facebook, admitiu a comissária encarregada da Justiça, Vera Jourova. "Talvez justamente graças à nossa mobilização e às nossas ações", comentou o comissário europeu da Segurança, Julian King. Porque "os desinformadores" tendem a mudar de "tática", privilegiando "operações locais de baixo impacto", em vez de campanhas maciças facilmente detectáveis, explicou King.

Estas atividades, cujos autores não são claramente identificados no documento, cobriam "uma vasta gama de assuntos: do questionamento da legitimidade democrática da União Europeia até a exploração de debates públicos conflituosos sobre questões como imigração e soberania". "Houve uma tendência consistente por parte desses agentes maliciosos de usar a desinformação para promover pontos de vista extremos e polarizar os debates locais, incluindo ataques infundados à UE", diz o documento.

"O número de casos de desinformação atribuídos a fontes russas dobrou desde janeiro em comparação com o mesmo período do ano passado", de 400 para 1 mil, disse King à imprensa. Houve também "ondas de desinformação, sobre as quais há suspeita de origem russa, mas não temos provas", acrescentou Jourova. E esses "atores maliciosos" não são necessariamente de longe: "os atores políticos nacionais adotaram com frequência táticas e histórias usadas por fontes russas para atacar a UE e seus valores". Na luta contra a "desinformação", a Comissão saudou nesta sexta-feira a cooperação de plataformas on-line, como Google, Twitter e Facebook, que assinaram em 2018 um inédito código de boas práticas.


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