Um ano após êxodo e "limpeza étnica", futuro dos rohingyas segue incerto
Cerca de 700 mil pessoas de minoria muçulmana foram perseguidas e abandonaram Mianmar
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O governo birmanês aceitou em janeiro sua repatriação. Mas oito meses depois, este acordo, assinado com o executivo de Bangladesh, ainda não foi aplicado e menos de 200 rohingyas retornaram à Mianmar. A líder birmanesa Aung San Suu Kyi, muito criticada pela gestão desta crise humanitária, negou esta semana qualquer responsabilidade pelo fracasso de implementação deste acordo e culpou as autoridades de Bangladesh, que "devem decidir a rapidez" do processo. As ações do governo birmanês, os atrasos e adiamentos e o medo de uma nova perseguição violenta dificultam o regresso dos rohingyas.
Os membros desta comunidade também querem receber uma indenização por terem perdido suas terras, que foram incendiadas ou confiscadas pelo exército birmanês. Mianmar nega a cidadania a essa minoria muçulmana desde 1982, privando-a do acesso à educação e à saúde. "Nós não voltaremos, porque (as autoridades birmanesas) não são honestas conosco", diz Nay Lin Aung, uma refugiada que reside em um acampamento. No entanto, Bangladesh, um dos países mais pobres e densamente povoados do mundo, tem grande dificuldade em cuidar do um milhão de rohingyas que se refugiaram nos últimos anos no país. O governo adverte que agora há a possibilidade de instalá-los em uma ilha ameaçada pelas enchentes.
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Doações insuficientes
A vida nos campos de refugiados rohingyas está se tornando cada vez mais difícil. A ONU lançou em março um pedido para arrecadar 1 bilhão de dólares para cobrir as necessidades dos campos de refugiados, mas apenas um terço dessas doações foram obtidas, o que é uma preocupação para os observadores. "As doações geralmente são altas no primeiro ano (...), mas depois é muito mais difícil obtê-las", diz Peter Salama, diretor do Programa de Gerenciamento da Situação de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS). Epidemias de difteria, cólera e outras doenças estão sob controle nos campos de rohingyas, mas novos surtos podem ocorrer devido à falta de recursos.
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O Banco Mundial anunciou em junho que iria desbloquear um fundo de US$ 500 milhões para ajudar Bangladesh. A pressão internacional sobre Mianmar também cresce. Os Estados Unidos anunciaram em meados de agosto sanções contra quatro comandantes e duas unidades militares birmanesas, acusados de estarem implicados na "limpeza étnica" dos rohingyas. O Conselho de Segurança da ONU deve reunir-se na próxima semana para tratar dessa questão. Mas Mianmar tem o apoio da China, um dos membros permanentes do Conselho. Ao mesmo tempo, as ONGs estão reunindo vários testemunhos nos campos de refugiados para denunciar o exército birmanês perante o Tribunal Penal Internacional.