União Europeia critica plano dos Estados Unidos para o Oriente Médio

União Europeia critica plano dos Estados Unidos para o Oriente Médio

Chefe da diplomacia europeia afirmou que a UE "não reconhece a soberania de Israel sobre os territórios ocupados desde 1967", em conformidade com o direito internacional

AFP e Correio do Povo

Declaração foi repudiada por Israel

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A União Europeia (UE) criticou, nesta terça-feira, o plano dos Estados Unidos – apresentado por Donald Trump como "Acordo do Século" – para resolver o conflito entre israelenses e palestinos, . "Estamos especialmente preocupados as declarações sobre a perspectiva de anexação do Vale do Jordão e de outras partes da Cisjordânia", disse em uma declaração o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. Ele lembrou que, "em conformidade com o direito internacional", a UE "não reconhece a soberania de Israel sobre os territórios ocupados desde 1967". "Os passos para a anexação, se forem aplicados, não podem passar sem questionamento", afirmou. 

"A UE recorda seu compromisso com uma solução negociada de dois Estados, com base nas linhas de 1967, com trocas de terras equivalentes, conforme acordado entre as partes, com o Estado de Israel e um Estado da Palestina independente, democrático, contíguo, soberano e viável da Palestina, vivendo lado a lado em paz, segurança e reconhecimento mútuo - conforme estabelecido nas conclusões do Conselho de julho de 2014. A iniciativa dos EUA, apresentada em 28 de janeiro, deixa esses parâmetros internacionalmente acordados", assina Borrell.

De acordo com o diplomata, para construir uma paz justa e duradoura, as questões de status final não resolvidas devem ser decididas por meio de negociações diretas entre ambas as partes. Isso inclui notavelmente as questões relacionadas às fronteiras, o status de Jerusalém, a segurança e a questão dos refugiados. "A União Europeia apela a ambos os lados para se envolverem novamente e se absterem de quaisquer ações unilaterais contrárias ao direito internacional que possam exacerbar tensões".

Israel critica posicionamento

Essas declarações foram respondidas com uma crítica do Ministério das Relações Exteriores de Israel, que acusou Borrell de adotar uma "linguagem ameaçadora contra Israel, logo após sua chegada ao cargo e algumas horas após suas reuniões no Irã". "Continuar assim é a melhor maneira de garantir que o papel da UE em todo o processo seja minimizado", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lior Haiat.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou em 28 de janeiro seu plano para resolver o conflito no Oriente Médio, favorável a Israel, abrindo caminho para a anexação do vale do Jordão e mais de 130 colônias na Cisjordânia ocupada. Washington também considera que Jerusalém é a capital "indivisível" de Israel e propõe estabelecer Abu Dis, um bairro da Cidade Santa, como a capital de um possível Estado Palestino.

Conselho de Segurança da ONU discutirá o plano a portas fechadas na quinta-feira, dias antes da chegada a Nova Iorque do presidente palestino Mahmoud Abbas, que o rejeita e exige a aplicação do direito internacional. A posição da UE, a visão internacional mais difundida, é que a solução para o conflito envolve a criação de dois Estados baseados nas fronteiras de 1967, cujas capitais estariam em Jerusalém.


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