Ursula von der Leyen é a primeira mulher indicada para cargo de maior poder na União Europeia
Próxima de Angela Merkel, ministra da Defesa da Alemanha tem 60 anos e foi nomeada como presidente da Comissão Europeia
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Depois de três dias de negociação, os chefes de Estado e de governo chegaram a um acordo nesta terça-feira sobre os próximos líderes das instituições da União Europeia (EU). A ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen (do Partido Popular Europeu, PPE) foi a indicada para a presidência da Comissão Europeia, considerado o cargo de mairo poder no bloco, sendo politicamente independente e responsável pela elaboração de propostas de novos atos legislativos e pela execução das decisões. O Parlamento Europeu precisa de uma aprovação final, mas, se confirmado, ela será a primeira mulher a ocupar o posto.
Muito próxima da chanceler Angela Merkel, von der Leyen, de 60 anos, emergiu como uma forte defensora da Alemanha e da OTAN em seu mandato. Foi a primeira mulher a assumir a pasta de defesa em seu país e pressionou por mais gastos na área. No exterior, aplaudiu o valor da diplomacia e do multilateralismo, em repreensão implícita ao presidente Donald Trump. Com o resultado, o PPE, que venceu as eleições europeias de maio, retém assim o mais “desejado” dos cargos.
Com 32 mil funcionários, a Comissão é encarregada por escrever regulamentos e aplicá-los. Seu presidente tem o poder de fazer acordos comerciais em nome dos 500 milhões de eurocidadãos, negociando o Brexit, por exemplo. A influência do trabalho vai muito além das fronteiras continentais, já que seus padrões costumam forçar mudanças em todo o mundo. Se confirmado, von der Leyen substituirá Jean-Claude Juncker, 64 anos, ex-primeiro ministro de Luxemburgo.
No entanto, apesar da importância da posição e da proximidade com Merkel, a Alemanha "absteve-se" na votação para a escolha, "mas está de acordo com o pacote de nomes no seu conjunto", disse o governo em um comunicado. A chanceler teria justificado esta decisão com as regras estabelecidas no acordo de coligação, que estipulava que o governo se deveria abster caso um dos parceiros não concordasse.
O candidato socialista à Comissão Europeia, Frans Timmermans (Holanda), atualmente primeiro vice-presidente da Comissão Europeia e favorito para conquistar o cargo, será novamente vice, ao lado de Margrethe Vestager (Dinamarca, atual comissária europeia para a Concorrência). Entre outras escolhas anunciadas, o primeiro-ministro belga, Charles Michel (Liberal), será o próximo presidente do Conselho Europeu, e o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, o socialista Josep Borrell, o Alto Representante da UE para a Política Externa.
Lagarde no Banco Central
O nome apontado para a presidência do Banco Central Europeu foi o da francesa Christine Lagarde, que, numa mensagem no Twitter se mostrou “honrada” pela nomeação e decidiu “renunciar temporariamente” às suas “responsabilidades enquanto directora do Fundo Monetário Internacional”. Atual presidente do Conselho Europeu desde 2014, Donald Tusk defendeu a nomeação de Lagarde, dizendo que a sua experiência faz da francesa a escolha "perfeita". "Estou completamente convicto de que será uma presidente completamente independente", disse
Je suis très honorée d’avoir été nominée pour la Présidence de la BCE. Au vu de ce qui précède, et en consultation avec le Comité d’éthique du Conseil d’administration, j’ai décidé de quitter provisoirement mes fonctions de DG du FMI durant la période de nomination.
— Christine Lagarde (@Lagarde) July 2, 2019
Presidência dividida no Parlamento Europeu
A presidência do Parlamento Europeu fica dividida entre os conservadores do PPE e os socialistas: metade do mandato para Manfred Weber, e a outra para o búlgaro Sergei Stanishev. O PPE ocupou as presidências da Comissão Europeia, do Conselho e do Parlamento nos últimos anos. Desta vez, porém, a primeira escolha do partido para o Presidente da Comissão, Manfred Weber, não conseguiu o apoio entre os líderes dos 28 países do bloco. Ele nunca ocupou o cargo fora do Parlamento, e alguns líderes achavam que seu currículo era muito pequeno para o cargo máximo.
Confira os nomeados:
Comissão Europeia: Ursula Von der Leyen (Alemanha)
Conselho Europeu: Charles Michel (Bélgica)
Alto Representante para a Política Externa: Josep Borrell (Espanha)
Vice-presidente da Comissão Europeia: Frans Timmermans (Holanda)
Vice-presidente da Comissão Europeia: Margrethe Vestager (Dinarmarca)
Presidente Parlamento Europeu: Sergei Stanishev (Bulgária) e Manfred Weber (Alemanha)
Banco Central Europeu: Christine Lagarde (França)