Vargas Llosa critica presidente mexicano por exigir perdão sobre conquista da América

Vargas Llosa critica presidente mexicano por exigir perdão sobre conquista da América

Escritor peruano disse que Andrés Manuel López Obrador deveria explicar o motivo de até hoje existirem milhões de indígenas marginalizados

AFP

Escritor peruano disse que Andrés Manuel López Obrador deveria explicar o motivo de até hoje existirem milhões de indígenas marginalizados

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O escritor peruano Mario Vargas Llosa criticou o presidente socialista do México, Andrés Manuel López Obrador, por pedir ao rei da Espanha e ao papa Francisco que se desculpem pelos "danos" cometidos durante a conquista da América.

"Tenho a impressão de que o presidente mexicano se equivocou de destinatário. Deveria ter enviado essa carta para ele mesmo", disse o escritor em seu discurso inaugural no Congresso Internacional da Língua Espanhola, que acontece de quarta a sábado em Córdoba, Argentina.

O vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2010 pediu ao presidente que explicasse por que o México, independente há dois séculos, ainda tem "tantos milhões de indígenas marginalizados, pobres, ignorantes e explorados".

O escritor se uniu à onda de críticas que López Obrador recebeu nos últimos dias por enviar uma carta ao rei da Espanha, Felipe VI, e ao Vaticano. López Obrador anunciou na segunda-feira que enviou uma carta ao rei Felipe VI da Espanha e ao papa Francisco exigindo que peçam perdão pelos danos cometidos contra povos originários durante a conquista espanhola da América. As cartas geraram a rejeição do governo espanhol e a condenação de personalidades espanholas, enquanto o Vaticano recordou que vários papas já se desculparam pelos citados abusos.

Vargas Llosa disse, inclusive, que o presidente mexicano "não parece informado", porque os grandes massacres entre os índios do continente começaram muito antes da chegada dos anos coloniais e continuaram sendo cometidos quando os países se tornaram independentes. "É um problema que está aqui, ainda vivo hoje".

Com certa ironia, o escritor desejou que, "quando terminar o mandato de Andrés Manuel López Obrador, graças a sua gestão, os índios tenham melhores condições de vida". O monarca espanhol, que também participa do congresso, evitou o tema.

Segundo a Casa Real, Felipe VI não tem a intenção de abordar a questão, rejeitada "com firmeza pelo governo espanhol". "A chegada, há 500 anos, dos espanhóis às atuais terras mexicanas não pode ser julgada à luz de considerações contemporâneas", disse o comunicado do governo espanhol. 


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