Vietnã recorda os 50 anos da morte do líder fundador Ho Chi Minh

Vietnã recorda os 50 anos da morte do líder fundador Ho Chi Minh

Corpo de "Tio Ho" nunca fica sozinho, inclusive após o horário de visitação

AFP

Velar Ho Chi Minh é o maior ato patriótico para estes homens vestidos com uniforme branco imaculado, que permanecem nas proximidades do santuário, um imponente edifício em Hanói

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Soldados armados, cuidadosamente selecionados, vigiam dia e noite o mausoléu que contém o corpo embalsamado do líder revolucionário vietnamita Ho Chi Minh, que nesta segunda-feira completa 50 anos de sua morte. Velar o pai fundador da nação é o maior ato patriótico para estes homens vestidos com uniforme branco imaculado, que permanecem nas proximidades do santuário, um imponente edifício em Hanói.

Proteger o "Tio Ho", figura emblemática da história vietnamita, é "sonhar acordado", afirmou o tenente-coronel Nguyen Xuan Thang. "Devemos estar permanentemente cientes de tudo ao nosso redor, estar preparados para qualquer eventualidade", disse o militar de 41 anos à AFP. Ao longo do ano, ele faz até quatro rondas de guarda de duas horas por dia, geralmente do lado de fora, sob um calor sufocante no verão ou as fortes chuvas de monção, assim como o frio glacial no inverno. Às vezes, ele é deslocado para perto do corpo embalsamado do líder, cuja barba fina permanece intacta, em uma sala sombria e fria, por onde passam diariamente milhares de estudantes, turistas ou ex-combatentes para prestar homenagem.

O corpo de Ho Chi Minh nunca fica sozinho, inclusive após o horário de visitação. "Para nós, que o vemos todos os dias, uma grande emoção continua nos invadindo", afirma o soldado selecionado, como os demais, pela boa saúde, as ideias comunistas e o porte físico. Cientistas - quatro russos e sete vietnamitas - avaliaram este ano o estado do embalsamamento, perto do aniversário de 50 anos da morte do ex-líder em 2 de setembro.

"O corpo do presidente Ho Chi Minh foi conservado em ótimas condições", afirmou o general Cao Dinh Kiem, um dos diretores do mausoléu, aberto em 1975. De acordo com alguns boatos, o corpo exposto não é o verdadeiro ou é enviado todos anos à Rússia para manutenção. "Para resumir, não é verdade", afirma o general Kiem com um sorriso. 

Pouco depois da morte de Ho Chi Minh em 1969, e contra o que era sua vontade, seus principais colaboradores entraram em contato com a aliada União Soviética para saber como o país havia preservado o corpo de seu fundador, Lenin, cujo corpo embalsamado está atualmente na Praça Vermelha de Moscou. O Vietnã concluiu um acordo com a URSS, que enviou ao país uma equipe para executar o embalsamamento e garantiu a supervisão de seus especialistas.

Com o fim da URSS em 1991, o Vietnã teve dificuldades para obter um acordo - desta vez comercial - com a Rússia. O pacto ainda em vigor é considerado um segredo de Estado, que não pode ser compartilhado com a Coreia do Norte nem com a China, dois aliados comunistas que também preservaram seus líderes para a posteridade. Ho Chi Minh deu instruções precisas para seu funeral: cremação e cinzas espalhadas em cerimônias íntimas no norte, centro e sul do Vietnã, como símbolo de unidade. "Nada de lápide ou estátua de bronze, apenas uma simples urna de cerâmica localizada entre três colinas arborizadas", escreveu em seu testamento.

"Ho para todos"

Isto não impediu que seus sucessores construíssem um imenso túmulo em homenagem, inspirado no mausoléu de Lenin, nas pirâmides do Egito e no monumento a George Washington na capital americana. O "Tio Ho", apelido carinhoso que recebeu dos vietnamitas, é um símbolo poderoso para os atuais dirigentes comunistas. Seus ensinamentos estão presentes nos manuais escolares, nos cantos patrióticos, na propaganda e na formação dos militares e políticos. "Há um Ho para todos: as crianças, as mães, os dirigentes, os funcionários e os soldados", explica Christopher Goscha, autor do livro "Vietnam, a New History". Menos para os mais jovens - metade da população tem menos de 30 anos -, com o dia a dia marcado por um capitalismo próspero, desejo de liberdade e a onipresença das redes sociais.


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