Visita de Trump divide os veteranos da guerra do Vietnã

Visita de Trump divide os veteranos da guerra do Vietnã

Pessoas guardam com ansiedade reunião de cúpula do Fórum Econômico Ásia-Pacífico (APEC)

AFP

Trump chegará na sexta-feira para participar na reunião de cúpula do Fórum Econômico Ásia-Pacífico

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A visita de Donald Trump a Danang, que durante a guerra do Vietnã foi uma importante base naval americana, divide os veteranos que passaram morar nesta cidade costeira do centro do país. Alguns aguardam com ansiedade o grande defensor do slogan "America First" ("Estados Unidos Primeiro"), que chegará na sexta-feira para participar na
reunião de cúpula do Fórum Econômico Ásia-Pacífico (APEC).

Mas outros demonstram ceticismos com um presidente que evitou diversas vezes o serviço militar. David E Clark, um ex-marine de 68 anos, está convencido de que "Trump, o tonto", como chama o presidente, está levando os Estados Unidos à ruína. "Começará uma guerra, acontecerá recessão, a dívida nacional vai aumentar três vezes", prevê Clark, enquanto consulta os números econômicos dos antecessores. "Será a maior depressão na história dos Estados Unidos", disse.

O veterano, que após anos de apoio aos republicanos se tornou um admirador do democrata Barack Obama, vive em Danang, muito perto de Marbel Moutain, onde serviu como soldado durante a guerra entre Estados Unidos e Vietnã, que acabou em 1975. Clark deixou Danang em 1969, após 13 meses como engenheiro de combate, e prometeu que nunca retornaria a um país que chamava de "buraco do mundo". Mas agora, aos 68 anos, e ainda se recuperando do alcoolismo, é casado com uma vietnamita e trabalha com ONGs que ajudam as vítimas vietnamitas da guerra.

Quando viajou pela primeira vez ao Vietnã depois da guerra, em 2007, soube que voltaria para "compensar" o povo que havia sido seu inimigo. Danang mudou muito nos últimos 40 anos graças ao avanço econômico do país. Os produtos americanos estão em todos os lado. Na costa, atualmente um complexo turístico, em 1965 os marines americanos desembarcaram para lutar contra os Viet Cong comunista. Perto da cidade, onde durante a guerra os americanos armazenaram milhões de litros do legal agente laranja, Washington iniciou no ano passado a segunda fase de uma grande operação de limpeza.

Após quatro nos no Vietnã, Clark afirma que sente-se um estrangeiro em seu país de origem. Mas nem todos os veteranos pensam assim. Este é o caso de Chas Lehmann, um ex-marine que está feliz com a visita de Donald Tump à cidade, onde mora desde 2012. "Tem coragem, não é um fraco e não depende dos partidos políticos", afirma Lehmann, que passou 18 meses na guerra. A princípio, Trump não deve falar sobre a guerra em sua visita ao Vietnã, que inclui um encontro em Hanói com os líderes comunistas do país.

O magnata e atual presidente provocou polêmica por ter evitado cinco vezes o serviço militar alegando diferentes motivos. Também não caíram bem as declarações do presidente sobre o senador John McCain, um veterano de guerra, que segundo Trump não é um herói de guerra porque foi capturado depois que seu avião foi derrubado em Hanói em 1967. Trump também não terá facilidade para ganhar a simpatia dos veteranos de guerra vietnamitas, que no entanto adoravam alguns de seus antecessores, como Bill Clinton e Barack Obama.

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