Apreensão de cocaína reforça suspeita de Rio Grande estar na rota marítima do tráfico de drogas

Apreensão de cocaína reforça suspeita de Rio Grande estar na rota marítima do tráfico de drogas

Facção criminosa paulista PCC já atua nos portos de Santos (São Paulo), Itajaí (Santa Catarina) e Paranaguá (Paraná)

Correio do Povo

No sábado passado, a PF apreendeu 136 quilos de cocaína em um navio atracado no cais

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A apreensão de 136 quilos de cocaína pela Polícia Federal em um navio atracado, na madrugada de sábado passado, reforçou ainda mais a suspeita do porto de Rio Grande estar incluído em uma rota marítima de tráfico internacional de drogas. A reportagem do Correio do Povo apurou que a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), já atua no embarque de cocaína por exemplo nos portos de Santos (São Paulo), Itajaí (Santa Catarina) e Paranaguá (Paraná). 

No último mês de abril, a Brigada Militar anunciou a apreensão de 333 quilos de cocaína no porto de Montevidéu, no Uruguai, vindas do porto de Rio Grande. As investigações apontaram que o entorpecente oriundo da Colômbia tinha como destino os portos de Rio Grande e de Montevidéu. Uma parte da droga abasteceria o mercado local, e o restante seria destinada para outros países.

Em setembro do ano passado, o 6º BPM e o Comando Ambiental da Brigada Militar efetuaram a apreensão de mais de meia tonelada de cocaína em um barco pesqueiro catarinense que entrava na barra. Em junho do ano passado, a Receita Federal localizou cerca de 1,1 tonelada de cocaína dentro de um contêiner que embarcaria no cais do porto de Rio Grande, com destino a Bélgica, na Europa.

A rota do tráfico internacional de drogas, dominada pelo PCC, tem origem nas plantações de coca nos países andinos e prossegue por vias terrestres, fluviais e aéreas para o Brasil. A cocaína chega então até os grandes portos brasileiros, sendo então levada a outros países.

Em março deste ano, uma operação da Polícia Federal e da Receita Federal realizaram duas operações com o objetivo de desarticular organizações criminosas especializadas no tráfico internacional de drogas entre o Brasil e a Europa, a partir do porto de Paranaguá, no Paraná.

O trabalho investigativo apontou que a cocaína era inserida por mergulhadores em compartimento submerso dos navios ou ocultadas em contêineres sem conhecimento do exportador, sendo dissimuladas no interior de cargas lícitas de mercadorias. 

Em janeiro deste ano, um mergulhador espanhol profissional conhecido como Aquaman do PCC foi preso pela Polícia Federal, quando se deslocava para colocar quase uma tonelada de cocaína em um navio no porto de Santos, em São Paulo. A embarcação seguiria para a Europa. Ele mergulhava por baixo do casco do navio e acessava um compartimento para colocar a droga. 

O mergulhador é o mesmo que atuava na manutenção de embarcações em Las Palmas, na Espanha. A região é considerada uma das maiores rotas de tráfico internacional de drogas.

Em julho do ano passado, a Polícia Federal anunciou a apreensão de cerca de 2,8 toneladas de cocaína, no interior de uma embarcação pesqueira em Itajaí, em Santa Catarina. A droga estava distribuída em dezenas de bolsas estanques envolvidas em material impermeável.

Em outubro, duas operações da Polícia Federal atingiram até motoristas de caminhões de contêineres envolvidos no narcotráfico nos terminais portuários catarinenses.

Em novembro, uma ofensiva contra tráfico internacional de drogas a partir de Itajaí foi desencadeada, tendo como alvo barcos pesqueiros que carregavam toneladas de cocaína até o alto mar, onde seguiam em outra embarcações para África e Europa

No caso do flagrante de sábado passado, a Polícia Federal apurou que a cocaína foi colocada por dois mergulhadores em um navio de bandeira das Ilhas Marshall, vindo da Argentina, e que teria como destino justamente o Porto de Las Palmas, na Espanha. A embarcação estava atracada em um terminal do porto de Rio Grande.

Com o apoio da Marinha do Brasil, a droga foi localizada submersa, em um compartimento do casco do navio, abaixo da linha d’água, tecnicamente chamado de “caixa de mar”, acondicionada em bolsas. A Polícia Federal vai agora tentar identificar os envolvidos e já instaurou inquérito.


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