Associações da BM repudiam vídeo em que deputada orienta seguidores a “não aceitar” abordagens

Associações da BM repudiam vídeo em que deputada orienta seguidores a “não aceitar” abordagens

Após excluir publicação, Luciana Genro associou polêmica a mal-entendido

Correio do Povo
Deputada indignou militares após vídeo sobre câmeras corporais da BM

Deputada indignou militares após vídeo sobre câmeras corporais da BM

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Um vídeo divulgado nas redes sociais da deputada estadual Luciana Genro (Psol) provocou indignação em associações da Brigada Militar. O motivo da revolta foi um trecho em que a parlamentar sugere aos seguidores que “não aceitem” abordagens, caso as câmeras no uniforme dos policiais não estejam acionadas no modo de alta qualidade. A postagem foi removida após a repercussão.

“Não aceite ser abordado por um policial se a luz da câmera dele estiver verde”, declarou Luciana Genro no registro já deletado. Em nova gravação, publicada nesta manhã, ela alega que a orientação não era a de reagir contra abordagens.

Ainda na filmagem anterior, um especialista em segurança pública, que é o coordenador da bancada do Psol, Conrado Klöckner, esmiúça a diretriz. Ele explica que a luz verde sinaliza que o equipamento está no ‘modo rotina’, com imagem de qualidade inferior e sem captação de áudio. Ao invés disso, aponta o assessor parlamentar, a tecnologia deve estar com luminosidade vermelha e piscante, no ‘modo intencional’, com alta qualidade de registros de imagem e som.

Em nota, a Associação dos Oficiais da BM e do Corpo de Bombeiros Militar (Asofbm) disse que a deputada é “conhecida do povo gaúcho por incitar a discórdia dentro da caserna e permanentemente defender a desmilitarização da BM”. O comunicado sustenta ainda que a mensagem dela incentiva desordem pública e gera risco a militares em serviço.

Já o presidente estadual da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf), Maicon Vaz, divulgou áudio em que também repudia a manifestação da deputada. Ele pondera, entretanto, que a intenção dela não seria voltar a população contra os policiais.

"Acredito que a intenção não tenha sido de instigar a população a desobedecer abordagens policiais. Contatei ela para que possa se retratar. É uma atitude [não aceitar abordagens] que gera imenso risco a todos os envolvidos, tanto para a pessoa abordada como ao militar”, considerou.

Após excluir a publicação, Luciana Genro postou outro vídeo na manhã desta quinta-feira. Na nova postagem ela associa a polêmica a uma frase mal colocada e pede ajuda para reparar o mal-entendido.

"Nunca resista a uma abordagem policial, isso é muito perigoso. Um vídeo meu publicado anteriormente deu a entender, erroneamente, que eu estaria orientando as pessoas a resistirem a uma abordagem policial se a luz estiver no modo verde. Pois bem, muito pelo contrário, estou alertando que é muito perigoso resistir. Jamais faça isso. A intenção do meu vídeo era apenas dizer que, quando o policial porta a câmera, a luz deve estar vermelha, não verde”, ressaltou a deputada.

À reportagem, Luciana Genro confirma que conversou com o presidente da Abamf sobre o conteúdo do vídeo. Ela reforça que não incentiva reações a abordagens, pontuando que fará outros conteúdos sobre câmeras corporais em momento oportuno.

"Foram eles [policiais] que me alertaram que a forma como me expressei poderia dar a entender que eu seria a favor de reações contra abordagens. Nunca se deve reagir a uma abordagem, isso é muito perigoso. Excluí o vídeo antigo e publiquei outro porque agora o importante é deixar isso bem claro e desfazer o mal-entendido. Os demais vídeos explicando sobre o funcionamento das câmeras corporais vão ficar para outro momento”, disse.


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