BM volta a usar bombas de gás para conter brigas após o Carnaval na Cidade Baixa

BM volta a usar bombas de gás para conter brigas após o Carnaval na Cidade Baixa

Policiais militares tiveram que intervir para dispersar público que permaneceu no bairro durante a madrugada

Christian Bueller

BM voltou a intervir com bombas de gás lacrimogêneo para dispersar brigas no bairro Cidade Baixa

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Em dois momentos durante a madrugada desta terça-feira, a Brigada Militar utilizou gás lacrimogêneo para dispersar brigas na Cidade Baixa, em Porto Alegre. A 1h e às 3h, a situação ocorreu pela terceira vez consecutiva, sempre depois de horas do encerramento do circuito oficial do carnaval de rua de Porto Alegre, na Praça Garibaldi. O evento da Prefeitura termina às 21h, por recomendação do Ministério Público, sem problemas maiores até aqui e com a participação de mais de 150 mil pessoas, conforme a organização.

“É importante frisar que aqueles que aproveitam o carnaval na praça têm um perfil, mas as confusões acontecem por causa de um grupo de pessoas que consomem álcool e provocam baderna, são públicos distintos”, afirma o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Luciano Moritz Bueno, que confirmou uma intensidade menor nas arruaças entre a segunda e a terça-feira de Carnaval. Ainda assim, ele conta que foi necessária a ação com o gás de efeito moral. “O nosso planejamento é de trazer segurança à sociedade e precisamos ser rápidos. Havia brigas com garrafas. Em 2019, um homem foi morto com golpe no abdômen, este tipo de crime é muito rápido de acontecer”, explica Moritz.

O comandante do 9º BPM lembra que o bairro é “assolado por situações como estas o ano todo”. “Não podemos permitir que episódios funestos aconteçam, nosso dever é estabelecer a ordem. Temos relatos de moradores que precisam sair de suas casas nestes períodos”, diz Moritz, confirmando que dezenas de reclamações chegam à BM via o telefone 190. O tenente-coronel pede conscientização das pessoas para que saiam no Carnaval para se divertir e não criar problemas. “Não é saudável para ninguém. Alinhamos com diversos órgãos para que o evento saísse da Cidade Baixa, mas é para lá que eles vão horas depois”, relata.

Moritz pediu que os moradores da região fossem ouvidos. “Tenho certeza que eles concordam com a nossa ação”, reitera. Mais cedo, na manhã de ontem, a reportagem já havia circulado pela Praça Garibaldi e área entre as ruas República e Lima e Silva, onde houve os confrontos. A maior parte das pessoas contatadas são a favor da BM. “Concordo com este aparato, inclusive, se continuar o ano todo, não só no Carnaval”, diz o contador Luciano Almeida. “Já vi arruaceiro pedir ‘pedágio’ aos moradores quando querem entrar nas suas próprias casa, um absurdo”, relata a motorista de aplicativo Carine Santos. Entre os que discordam, está Flávio Corrêa que, na manhã de hoje, caminhava com o filho de sete meses, Cícero, pela República. “Nesta noite, não ouvi nada, mas nos outros dias sim. Acho que não tem essa necessidade de resolver na bomba. É a criminalização da cultura”, opina o morador da rua Sarmento Leite.

Se for preciso, segundo Moritz, dependendo do volume e da gravidade da ocorrência, a Brigada Militar usará do mesmo artifício novamente. Para esta terça-feira, está prevista a apresentação dos grupos Império da Lã, às 16h30min, e do grupo Deixa Falar, às 19h.


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