Caso Henry: entenda os próximos passos após prisão de casal

Caso Henry: entenda os próximos passos após prisão de casal

Mãe e padrasto são oficialmente investigados e deverão responder por homicídio agravado por tortura e impossibilidade de defesa

R7

Jairinho e Monique foram presos na última quinta-feira

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Monique Medeiros e Dr. Jairinho, mãe e o padrasto do menino Henry Borel, estão presos temporariamente desde a manhã desta quinta-feira (8) no Rio de Janeiro e foram oficialmente declarados pela Polícia Civil como investigados pela morte da criança, ocorrida no dia 8 de março no apartamento da família.

No início da tarde, Monique e Dr. Jairinho foram levados para o Instituto Médico Legal do Rio para a realização de exames. E depois foram levados para o presídio de Benfica. A polícia informou que vai indiciar os dois por homicídio duplamente qualificado. As qualificadoras que agravam o crime são: tortura e impossibilidade de defesa da vítima.

Veja o que acontece agora e outros detalhes do caso revelados pela polícia.

O que falta para a mãe e o padrasto serem indiciados por homicídio?

A Polícia Civil informou que vai realizar mais algumas investigações para concluir o inquérito. O celular da babá, que trabalhava no apartamento, foi apreendido nesta quinta-feira e será periciado.

"Inquérito não está 100% encerrado, esperamos concluir nos próximos dias", explica o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia Civil do Rio de Janeiro. A polícia já ouviu 18 pessoas e vai ouvir novas testemunhas, como os avós maternos de Henry.

O que acontece depois do indiciamento?

O indiciamento é formalizado pelo delegado de polícia. Depois, o inquérito é concluído e toda a documentação é encaminhada ao MP (Ministério Público). O MP analisa as provas e apresenta a denúncia à Justiça.

Se a Justiça aceitar a denúncia da Promotoria, o casal passa a ser considerado réu e vai responder a um processo judicial no qual poderá ir a júri, podendo ser absolvido ou condenado.

O que leva a polícia a achar que Monique e Dr. Jairinho mataram o menino Henry?

Segundo o delegado Henrique Damasceno, que coordena o inquérito, "não resta a menor dúvida sobre autoria do crime dos dois". "Já reunimos, até o momento, provas muito fortes e muito convincentes a respeito de toda a dinâmica da participação de cada um deles", disse. De acordo com a investigação, Henry foi deixado pelo pai por volta de 19h30. "Ele chorou, vomitou, mas a família disse que era comum", disse o delegado.

"Mãe deu banho no menino, não apresentava qualquer lesão, qualquer queixa ou desconforto. Existe uma foto daquele dia, pouco antes do menino dormir, em que ele estava sorrindo. Estava saudável. Em um intervalo de poucas horas, o Henry já chegou morto ao hospital da Barra da Tijuca. Quem estava com ele nesse intervalo eram a mãe e o padrastro", explicou o delegado.

Como a polícia descartou a hipótese de acidente alegada pelo casal?

Os delegados informaram que a perícia detectou contusões na cabeça, lesões no rim, no pulmão, o que seria incompatível com uma queda da cama. Além disso, a polícia conseguiu prints da conversa do dia 2 de fevereiro entre a mãe e a babá na qual a funcionária afirma que Henry estava mancando e teria dito que o padrastro o pegou pelo braço, deu uma rasteira e o chutou. O menino não deixou que a babá lavasse a cabeça porque estava com dor.

Além disso, segundo a polícia, o casal jogou seus celulares pela janela quando foram recebidos pela polícia.

O que a polícia diz sobre a participação da mãe de Henry?

De acordo com o delegado, Monique mesmo sabendo dos relatos de agressão de Henry não comunicou a polícia, não afastou o agressor do convívio do filho dela. Além disso, após a morte do filho prestou um depoimento de mais de quatro horas e sustentou a hipótese de acidente. "Foi uma declaração mentirosa protegendo o assassino do próprio filho. Não há a menor dúvida que ela não só mentiu como concordou", diz o delegado.

A mãe pode ter sido coagida pelo Dr. Jairinho?

"Se eu imaginasse qualquer tipo de coação jamais teria pedido a prisão dela", afirmou o delegado. "Ela conseguiu prestar um depoimento por mais de quatro horas apresentando uma versão fantasiosa e protegendo o assassino do próprio filho."

E a babá teve participação?

A polícia diz que a babá não estava no apartamento na hora do crime. Mas que teria mentido no depoimento ao não falar das agressões que o menino havia relatado para ela. Ela poderá responder por falso testemunho. Segundo o promotor Marcos Kac, "a babá pode se retratar". "Ela pode voltar à polícia e contar o que sabe. Só queremos saber a verdade", disse.


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