Caso Henry: Jairinho e Monique pagaram empresa para gerir crise
Casal contratou empresa para melhorar sua imagem após a morte do menino
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O Jornal da Record teve acesso a novas conversas entre o ex-vereador Jairinho e Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, dias após a morte do menino. O casal contratou uma equipe para tentar conter a repercussão do caso.
Eles queriam sensibilizar a opinião pública e estavam dispostos a pagar por isso: R$ 49 mil. Esse foi o valor que uma empresa de gestão de crise, contratada pelo ex-parlamentar Jairinho, cobrou para mudar a imagem do casal após a repercussão da morte de Henry Borel, de 4 anos.
O pacote incluiu oito profissionais, que prometeram ajudar o casal a lidar com a situação. O acordo foi fechado por R$ 28 mil. A empresa criou uma página em uma rede social usando o nome de Henry.
Os assessores pediram a Monique que enviasse fotos com o filho e contasse sobre passeios que fez com a criança, em uma tentativa de dar credibilidade ao trabalho.
Na época, o conteúdo da página não agradou ao ex-parlamentar.
“Por que a gente está se defendendo? Essa página também é Justiça por Henry, entendeu? É desse jeito. Tem que entrar na cabeça das pessoas”, escreveu Jairinho. “A gente está em busca de justiça também, essa tem que ser a tônica. Não pode ficar em posição de defesa.”
A contratação da empresa de gestão de crise ocorreu em 31 de março, 22 dias após a morte do menino.
No entanto, a construção da imagem de um casal que vivia em perfeita harmonia começou bem antes, poucos dias depois do enterro de Henry.
O Jornal da Record teve acesso a conversas entre Jairinho e Monique que mostram os bastidores desse plano.
As mensagens revelam um marido que tenta convencer Monique a não se afastar. Elas contêm frases como “Você é uma mulher fantástica”, “Todo o meu coração de corpo e alma para você”, “Nós temos que ficar juntos”.
Mas a união parece desmoronar quando Monique diz que recebeu o laudo do Instituto Médico Legal. Jairinho não reagiu. E, 48 horas depois, a mãe de Henry disse que iria procurar outro advogado, porque os profissionais já contratados só defenderiam o ex-vereador.
“Vou procurar outro advogado. Sabe por quê? Porque ele é o seu advogado, e não o meu. Se for pra defender alguém, será você, não a mim”, escreveu Monique.
Jairinho tentou resistir. “Me liga aqui, vamos tomar as decisões juntos”, respondeu.
Nesta quinta-feira (28), os advogados de Jairinho solicitaram o adiamento do julgamento de mais um pedido de habeas corpus. O casal está preso e responde por homicídio duplamente qualificado, tortura, fraude processual e coação de testemunhas.