Caso Mirella: mãe pede justiça e afirma que filha não tinha lesões antes de aparecer morta

Caso Mirella: mãe pede justiça e afirma que filha não tinha lesões antes de aparecer morta

Mãe da criança afirmou que está sendo ameaçada de envolvimento na morte

Correio do Povo

Repórter Liliane Pereira conversou em outra cidade

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“Espero justiça, justiça, justiça, muita justiça. O que ele fez que pague até o último suspiro dele por ter tirado a minha bebê de mim! Não se tira uma filha de uma mãe desta maneira, nesta crueldade. Ele tem que pagar por tudo! Não consigo acreditar nisso: não vou ver mais minha bebezinha”, desabafou nesta sexta-feira a mãe da menina Mirela Dias Franco, de três anos, que foi levada morta pelo padrasto até um posto de saúde em Alvorada.

Emocionada e chorando a todo momento, ela concedeu uma entrevista exclusiva à repórter Liliane Pereira, da Record TV RS, que foi ao ar no programa Balanço Geral. Ameaçada, a mãe mudou-se para outra cidade por questão de segurança. “As pessoas estão me julgando por uma coisa que elas não sabem, que não presenciaram. Estão me julgando, achando que estou contribuindo com tudo isso. Como vou contribuir com alguém que fez aquilo que fez com minha filha? Eu não estava no local na hora. Ele esperou me ausentar”, afirmou.

“Eu saí de casa de manhã cedo para buscar remédio na farmácia e papel da creche comunitária, quando voltei já tinha acontecido. Minha bebê estava super bem, estava perfeitinha. Peguei ela no colo, ela estava super bem, estava alegre, sorrindo.”, recordou. “Eu dei banho nela e não vi nada. Não percebi nenhum hematoma e machucado”, frisou. 

Ao retornar para casa, a mãe foi informada para comparecer na Unidade Básica de Saúde no bairro Jardim Aparecida, onde ficou sabendo da morte da filha. “Quando cheguei lá falaram que eu tinha perdido meu bebê, que chegou sem vida no posto. Tentaram reanimar sem sucesso”, lembrou.

A mãe viu o corpo de Mirella. “Vi um monte de hematomas, ela tava com um roxo na testa, tava com a boquinha cortada, ela tava com o dedinho fraturado, tava com roxo no ladinho da costela”, contou. “Acredito que bateram nela até não resistir mais."

Ela destacou que no dia a dia nunca tinha assistido alguma agressividade do companheiro. Depois da morte de Mirella, os vizinhos decidiram falar que, na ausência da mãe, “Mirella gritava e ele gritava com ela”, mas a filha nunca reclamou de nada do padrasto.

A outra filha dela, de sete anos, está em um outro local seguro, “até resolver a situação”. A menina disse que viu o padrasto tentando reanimar a irmã. “As pessoas achavam que eu estava junto e contribuí com a morte da minha filha”, ressaltou.

Nesta sexta-feira, a titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Alvorada, delegada Samieh Bahjat Saleh, confirmou também que a causa da morte da menina Mirela Dias Franco, de três anos, foi por “hemorragia abdominal causada por instrumento contundente”.

À reportagem do Correio do Povo, ela observou que “ainda não saiu o laudo” do Instituto-Geral de Perícias, mas teve acesso informal ao exame preliminar no corpo da criança. Mirella havia sido levada pelo padrasto na tarde da última terça-feira, já sem vida, até a Unidade Básica de Saúde. Havia marcas de múltiplas lesões no corpo dela, da cabeça aos pés.

A morte da criança causou revolta nas redes sociais e na comunidade local. No final da tarde e começo da noite de quarta-feira passada, uma passeata de protesto foi realizada, com pedidos de justiça. A caminhada com balões parou em frente à barbearia do padrasto. O local foi invadido, sendo queimados móveis e demais objetos. Depois, uma faixa foi estendida na fachada do estabelecimento. 


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