Cirurgião plástico de Porto Alegre é indiciado pela Polícia Civil por abuso sexual das pacientes

Cirurgião plástico de Porto Alegre é indiciado pela Polícia Civil por abuso sexual das pacientes

Médico vai responder por importunação sexual, assédio sexual, estupro, estupro de vulnerável, coação no curso de processo e violação sexual mediante fraude

Correio do Povo

Investigação foo conduzida pela 1ª Deam da Capital

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A 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Porto Alegre indiciou o cirurgião plástico, de 54 anos, no caso das denúncias de abusos sexuais de pacientes em Porto Alegre. A investigação foi concluída pela delegada Jeiselaure Rocha de Souza, que coordenou a operação Hipócrates.

Segundo a titular da 1ª Deam, o médico vai responder por seis crimes, citando a “importunação sexual, assédio sexual, estupro, estupro de vulnerável, coação no curso de processo e violação sexual mediante fraude”. Ele foi preso em julho passado em Gramado. A namorada do médico também foi denunciada por ameaça e coação no curso do processo.

Ao longo da apuração do caso, a delegada Jeiselaure Rocha de Souza constatou que os abusos sexuais das pacientes ocorriam há mais de duas décadas e que na investigação foi possível estabelecer “um padrão de conduta do médico ao longo dos anos”.

“Dez inquéritos estão sendo encaminhados ao Poder Judiciário, referentes às 21 vítimas que foram identificadas e ainda estavam no prazo prescricional”, observou. Conforme a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, um total de 47 casos prescritos foi identificado e mais de 70 ocorrências foram registradas no decorrer da investigação.

Outras 24 mulheres foram ouvidas na condição de testemunhas. A titular da 1ª Deam lembrou que o cirurgião plástico havia sido anteriormente investigado em inquéritos de outras oito vítimas e que já estão na Justiça.

O Instituto-Geral de Perícias atuou junto também no caso. “As perícias psíquicas realizadas em sete mulheres fazem parte do inquérito que aponta os crimes cometidos por um cirurgião plástico contra 21 vítimas, em Porto Alegre. Parte delas foi encaminhada para a Seção de Perícias Psíquicas em Adultos, do Departamento Médico-Legal (DML) do IGP, como forma de comprovar as denúncias feitas contra o médico”, informou em nota oficial.

“Desde 22 de julho, 15 mulheres foram encaminhadas e sete compareceram ao DML para serem ouvidas. Sete laudos periciais já foram remetidos à Delegacia da Mulher e fazem parte do complexo probatório. No caso mais antigo, o abuso teria ocorrido há vinte anos, o que não impede a comprovação do crime. As perícias psíquicas são indicadas justamente em casos onde não existe materialidade, ou seja, não há mais vestígios forenses que possam ser analisados”, esclareceu o IGP.

“Quando ocorre um evento traumático, a vítima pode lembrar dos fatos e das suas consequências por muito tempo”, esclareceu a chefe da Divisão de Perícias Especiais do DML, Angelita Machado Rios. “O material recolhido até agora é muito rico. Esperamos ter contribuído decisivamente com as investigações”, complementou.

Segundo o IGP, a perícia psíquica consiste em uma entrevista investigativa composta de dois momentos: relato dos fatos notificados e avaliação do estado mental. “No primeiro momento, a vítima é convidada a relatar o que aconteceu. Depois, são feitas algumas perguntas mais específicas, para aumentar a quantidade e qualidade das informações”, frisa na nota oficial.

“O entrevistador procura perceber se o relato do evento traumático se mantém ao longo da narrativa e qual o impacto psíquico que a situação notificada trouxe à vítima. Também avalia se os sinais e sintomas de sofrimento psicológico apresentados guardam nexo causal com o fato que foi relatado. O procedimento pericial é realizado por peritos médico-legistas com formação em Psiquiatria ou peritos criminais da área da Psicologia. Para algumas vítimas, também foi oferecido o serviço de Acolhimento Psicossocial do DML. O encaminhamento é feito sempre que a vítima apresenta dificuldades para relatar a violência ou precisa do apoio de outros órgãos envolvidos na rede de proteção”, acrescenta o IGP.


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