Denarc deflagra fase 2 de ação contra lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas de facção no RS

Denarc deflagra fase 2 de ação contra lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas de facção no RS

Nova célula financeira da organização criminosa foi o alvo da ação realizada em Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí e São Leopoldo, além de Itapema (SC)

Correio do Povo

Houve o cumprimento de 21 ordens judiciais

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O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil desencadeou ao amanhecer desta quinta-feira a fase 2 da operação Irmandade, cujo objetivo é combater a lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas. Houve o cumprimento de 21 ordens judiciais, entre mandados de busca, prisão preventiva, indisponibilidade de contas bancárias, bens imóveis e veículo, nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí e São Leopoldo, além de Itapema, em Santa Catarina.

A fase 1 ocorreu em julho deste ano e apontou uma aliança existente desde 2017 entre a facção gaúcha Os Manos com a facção paulista Primeiro Comando da Capital, o PCC. Dezenas de relatórios de investigação produzidos nas duas fases confirmaram uma movimentação anual ilícita de R$ 120 milhões no sistema financeiro, entre as pessoas físicas e jurídicas, além de imóveis e veículos, em constante troca de valores entre os Manos e o PCC.

A ação desta quinta-feira foi conduzida pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Denarc e teve apoio do Laboratório de Lavagem de Dinheiro do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos da PC e da Polícia Civil de Santa Catarina. Cerca de R$ 22 mil em dinheiro e três veículos foram recolhidos, bem como um preso em flagrante por tráfico de drogas. Em torno de 85 agentes foram mobilizados.

O total de ativos e bens indisponibilizados pode chegar a R$ 3,2 milhões. Com a soma do obtido na fase 1, os valores atingiriam aproximadamente R$ 7 milhões. Já as medidas cautelares solicitadas e efetivadas ao longo das duas etapas da operação totalizam 406. Até o momento, a DRLD do Denarc sequestrou judicialmente aproximadamente R$ 37 milhões desde janeiro de 2019.

Uma complexa rede de dissimulações para ocultar bens e ativos financeiros, inclusive usando de empresários, comerciantes e corretores de imóveis que atuavam dolosamente, havia sido montada pela nova célula financeira da facção Os Manos, sediada na região do Vale do Rio dos Sinos.

Entre as várias condutas de mascaramento de ativos e imóveis comprovados nesta etapa, os agentes do Denarc destacam o pagamento de imóveis localizados em Santa Catarina, sendo realizados por criminosos do Nordeste do Brasil, ligados ao PCC. Os policiais civis apuraram ainda a retirada fraudulenta de valores de delegacias, apreendidos em situação de transporte por laranjas, mediante documentos e contratos fictícios com objetivo de dar aparência lícita ao dinheiro da facção.

A equipe do Denarc constatou igualmente a utilização de contas de passagem no sistema financeiro, ou seja, dinheiro em espécie sendo depositados nas contas de laranjas, bem como operadores que emprestavam seus nomes para a ocultação e venda de veículos de luxo, além de repasses e pagamentos em esmeraldas entre os operadores.

O esquema contava com a divisão de tarefas e intercâmbio de operadores logísticos e financeiros que atuam no Rio Grande do Sul e em outros seis estados. Doleiros gaúchos participavam juntos.

Um dos alvos, um baiano, que também teve a prisão preventiva decretada e cumprida pela Polícia Civil na fase 1, é um grande operador logístico do PCC e principal elo de ligação com a facção gaúcha. Ele pilotava aviões e estava envolvido em uma rede de distribuição de entorpecentes nas regiões Sul e Norte do País, inclusive com suspeita de compra de hangares. Durante a investigação foi identificado também um traficante colombiano que encomendava uma grande quantidade de maconha do grupo gaúcho.

Cinco suspeitos, incluindo líderes e gerentes, já foram indiciados pelos crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e crime organizado, todos com prisão preventiva decretada. Dois encontram-se foragidos.

O diretor de investigações do Denarc, delegado Carlos Wendt, ressaltou que durante a investigação da DRLD, foi constatado que o grupo foi responsável pela entrada de grande quantidade de drogas no Rio Grande do Sul. Já o diretor geral do Denarc, delegado Vladimir Urach, enfatizou que o órgão, através da operação Irmandade e outras já executadas, tem “como escopo atuar de forma enérgica contra facções gaúchas, bem como contra outras que desejem entrar em nosso Estado, impondo prisões preventivas e atacando seus núcleos financeiros para evitar tal intento”. 


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