Entenda o conflito de facções que aumentou a violência em Rio Grande

Entenda o conflito de facções que aumentou a violência em Rio Grande

Brigada Militar contabiliza 33 homicídios desde o começo do ano no município

Correio do Povo

Em 2021, a BM apreendeu mais de meia tonelada de cocaína em um barco pesqueiro

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A cidade de Rio Grande assiste a uma guerra entre organizações criminosas pelo controle do tráfico de drogas. A Brigada Militar contabiliza 33 homicídios desde o começo do ano no município, considerado o mais violento em mortes no primeiro bimestre no Interior. O conflito, que inclui confrontos, teria iniciado no final do ano passado.

Em entrevista na manhã desta sexta-feira à reportagem do Correio do Povo, o subcomandante do 6º BPM, capitão Fábio Mendonça, confirmou que as causas do aumento dos homicídios estão em “uma disputa pelo controle dos pontos de tráfico de drogas". Segundo ele, a disputa territorial estava antes “mais sedimentada numa organização criminosa local” e agora “envolveria organizações locais e de fora da cidade”.

Sobre a hipótese de haver envolvimento de uma facção paulista interessada no domínio na área portuária e que teria se aliado com um grupo local, gerando um conflito para expulsar uma outra facção rival, o capitão Fábio Mendonça observou que não “podemos afirmar que haja o envolvimento de facções paulistas aqui”.

Ele lembrou, porém, que em setembro do ano passado o 6º BPM e o Comando Ambiental da Brigada Militar efetuaram a apreensão de mais de meia tonelada de cocaína em um barco pesqueiro, o que levantou a suspeita de uma rota marítima do narcotráfico até Rio Grande. Em junho do ano passado, a Receita Federal localizou cerca de 1,1 tonelada de cocaína dentro de um contêiner que embarcaria no cais do porto de Rio Grande, com destino a Bélgica, na Europa.

Entre as ações para combater a violência na cidade, a Brigada Militar deflagrou a operação Lagunar no início deste ano. Ela foi “desenvolvida nesse intuito: reforço do policiamento ostensivo orientado pela Inteligência”. Em três meses, conforme o subcomandante do 6º BPM, “são mais de 50 foragidos capturados e aproximadamente 140 prisões, além de armas de fogo e drogas”. As ações estão sendo reforçadas.

“Considerando as apreensões feitas, estimamos em um prejuízo de cerca de R$ 1,2 milhão ao crime local”, avaliou. Citou como exemplo o recolhimento de armamento no trimestre. “Já temos praticamente o mesmo número de armas de fogo apreendidas do que todo o ano passado, que foram 118”, destacou. Ele acrescentou ainda mais de mil munições e um número superior a 50 quilos de entorpecentes.

O subcomandante do 6º BPM enfatizou que o tráfico de drogas é “a gênese da escalada da violência” em Rio Grande. Nesse sentido, ele defendeu que a “transferência de alguns presos é uma estratégia importante e complementar às demais ações que vêm sendo realizadas na cidade pelos órgãos de segurança pública, seja o reforço de policiamento, sejam as investigações em andamento”.

“Em outros momentos e em outros locais, a transferência mostrou ser uma estratégia positiva e que acreditamos sim que possa contribuir para o restabelecimento da paz social local”, disse.

Além do 6º BPM, a operação Lagunar conta com a participação do 5º Batalhão de Polícia de Choque (5ºBPChq) de Pelotas, Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), Batalhão de Aviação da BM, Comando Ambiental da BM, Comando Rodoviário da BM, 1º Batalhão de Polícia de Choque (1ºBPChq) de Porto Alegre, além da Agência Central de Inteligência da BM.

POLÍCIA CIVIL

A Polícia Civil também está atuando contra a violência com investigações e operações. Na manhã desta sexta-feira, uma policial civil ficou ferida ao ser baleada por um dos alvos da segunda fase da operação Bloqueio, da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Rio Grande.

Atingida de raspão na cabeça, Laline Almeida Larratéa, 36 anos, foi socorrida e encaminhada consciente no helicóptero da Polícia Civil para a Santa Casa de Rio Grande, com quadro de saúde estável. Ela foi submetida a uma cirurgia.

A ocorrência foi na praia do Cassino, durante o cumprimento de 25 ordens judiciais, sendo 19 de busca e apreensão e outras cinco de prisão de integrantes de uma facção criminosa liderada por um apenado da Penitenciária Estadual de Rio Grande. A policial civil foi atingida no momento em que um dos mandados estava sendo efetuado em uma residência. O atirador, com extensa ficha criminal, foi preso logo após os tiros.


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