Executivo de Viamão teria constrangido pessoas que tentavam denunciar, diz Ministério Público

Executivo de Viamão teria constrangido pessoas que tentavam denunciar, diz Ministério Público

Operação Capital investiga supostas fraudes em licitações na administração da cidade

Correio do Povo

O MP pediu o afastamento do prefeito André Nunes Pacheco (PSDB) e outros seis agentes públicos nesta quarta-feira

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O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS) realizou, na manhã desta quarta-feira, a fase ostensiva da Operação Capital, que investiga supostas fraudes em licitações públicas elaboradas pela Prefeitura de Viamão, cidade da região Metropolitana. O procurador-geral de Justiça do Estado, Fabiano Dallazen, concedeu entrevista à Rádio Guaíba e detalhou a ofensiva realizada hoje. Ele relatou que o executivo municipal teria constrangido pessoas que tentavam denunciar as supostas ações fraudulentas. 

Segundo Dallazen, àquelas pessoas que contribuíram para a investigação foi dado uma medida de proteção. “Os investigados estão proibidos, dentro de 180 dias, de retornar à Prefeitura, de exercerem suas funções e de chegarem perto de testemunhas. Também fica proibido das empresas realizarem novos contratos”, explicou.

Ainda nesta manhã, o MP pediu o afastamento – como medida cautelar – do prefeito de Viamão, André Nunes Pacheco (PSDB), de um vereador (PV), do procurador-geral do município e dos secretários das pastas da Fazenda, do Governo, Planejamento e Saúde. Dois empresários – além do político investigado – tiveram suas atividades econômicas suspensas e estão proibidos de contratarem com o Poder Público de Viamão. O período de afastamento de 180 dias pode ser renovado caso o MP conclua que precisa de mais tempo para apurar o caso. 

Conforme Dallazen, as provas coletadas na operação demonstrariam que os editais elaborados pela prefeitura a partir de 2017 nas áreas de limpeza urbana, mobiliário urbano, informatização do sistema de saúde e na área de comunicação seriam direcionados às empresas de interesse do executivo. “O retorno vinha através de favores financeiros e políticos”, destacou o procurador-geral. 

O valor do prejuízo relacionado às supostas fraudes teria chegado a R$ 10,5 milhões. Além da responsabilidade de pena, se condenados, os agentes públicos podem responder pelo ressarcimento do montante. Ainda de acordo com o procurador, a prefeitura de Viamão já havia sido alertada pelo Tribunal de Contas em relação a irregularidades na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), pedindo a suspensão de uma licitação irregular. "A prefeitura teria tentado burlar a ação", apontou Dallazen.

Ao todo, a operação cumpriu, na manhã de hoje, 20 mandados de busca e apreensão em cinco cidades - Viamão, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Igrejinha e Florianópolis - e apreendeu celulares e documentos físicos e virtuais. Todas as provas estão sob sigilo judicial. 

A reportagem tentou contato com o gabinete da prefeitura de Viamão, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestações. 


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