Facção cuidava de serviços administrativos em condomínio de Esteio, diz Polícia

Facção cuidava de serviços administrativos em condomínio de Esteio, diz Polícia

Esposa do principal alvo da operação atuava como síndica do conjunto de prédios

Fernanda Bassôa

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A facção ligada ao tráfico de drogas que dominava o condomínio Renascer, em Esteio, tinha controle absoluto do que ocorria no local. A operação batizada de Capo prendeu nesta terça-feira dez pessoas, incluindo o casal que comandava as atividades criminosas. Segundo informações da Polícia Civil, a organização, formada essencialmente por uma família, era responsável até por serviços de manutenção, limpeza, vigilância e pintura do conjunto habitacional, além de fornecer entorpecentes. A esposa de um dos líderes do grupo, presa hoje pela manhã, atuava como síndica. 

O amplo domínio da facção na rotina do condomínio era justificado pelo fato dos integrantes do grupo serem sócios-proprietários de empresas que prestavam serviços no prédio. Conforme a titular da Delegacia de Esteio, delegada Luciane Bertoletti, a investigação durou pouco mais de um ano e foi deflagrada a partir de denúncias. "Os relatos davam conta de que integrantes de uma mesma família estariam dominando o condomínio. Além do fornecimento de drogas, os suspeitos (um casal) também controlavam a parte administrativa do local, pois eram sócios-proprietários de empresas que prestavam serviços dentro do prédio, como serviços de manutenção, limpeza, vigilância e pintura. A esposa do principal investigado foi identificada como a síndica do condomínio, tendo em seu poder todas as chaves dos apartamentos desocupados e dos invadidos pela facção", explicou Luciane. 

De acordo com a delegada Luciane, a ação foi desencadeada visando combater os crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico, corrupção de menores e coação no curso do processo, praticados pelos investigados que fazem parte de uma mesma família que dominava o condomínio, com 10 blocos e 400 apartamentos, onde residem mais de 900 pessoas. 

Conforme a delegada, próximo ao condomínio haviam “olheiros” alocados em vários pontos ocultos, inclusive de posse de rádios comunicadores na frequência da BM, além de câmeras de segurança que informavam a aproximação da polícia, de compradores de drogas ou de inimigos. “Essa logística do grupo dificultou bastante nosso trabalho. Entretanto, nossa ação desencadeada hoje teve bastante êxito. Tenho certeza que com a prisão dos principais alvos, a tranquilidade será restaurada nessa comunidade", explicou. Luciane esclareceu ainda que o líder central da facção encontra-se atualmente recolhido em um presídio federal. “As investigações prosseguem. Ouviremos as pessoas detidas para identificar outros criminosos. As prisões temporárias cumpridas nesta terça ainda podem ser convertidas em preventivas”, acrescentou. 

 

Dez pessoas foram presas nesta terça / Foto: Ricardo Giusti 

Apreensões 

A ofensiva, feita de forma conjunta entre Polícia Civil e Brigada Militar, contou com apoio aéreo. Foram apreendidos além de drogas (maconha e cocaína), sistema de monitoramento por câmeras, computadores, documentos, celulares, uma caminhonete Ford Edge e R$ 2 mil em dinheiro. Batizada de Operação Capo, em referência a máfia italiana, a ação cumpriu 32 medidas cautelares – 11 mandados de prisão e 21 mandados de busca e apreensão.

O diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana (2ªDPRM), delegado Mário Souza, afirma que “a ação integrada é enérgica para desarticular a forma de atuação do tipo milícia dessa organização criminosa nos condomínios”.

O comandante do 34º BPM de Esteio, tenente-coronel André Luiz Stein, que também participou da operação, informou que as ações conjuntas contribuem significativamente para a redução de indicadores de criminalidade e atendem aos anseios da comunidade local. “Acreditamos que a união de esforços institucionais é fundamental para proporcionar a segurança e bem-estar de nossa comunidade. Neste caso, as famílias subjugadas pelo narcotráfico terão de volta a tranquilidade e será restaurada toda forma de convivência. As prisões realizadas hoje são uma resposta das instituições de segurança”.

Dinheiro, celulares e eletrônicos foram apreendidos / Foto: Ricardo Giusti 


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