Facção que invadiu condomínios é alvo de megaoperação em cinco cidades do RS

Facção que invadiu condomínios é alvo de megaoperação em cinco cidades do RS

Traficantes planejaram até armadilha para executar policial militar após sequestro da sogra dele

Correio do Povo

Efetivo do 1º BPChq da BM participou da ação

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A megaoperação Cativeiro foi desencadeada ao amanhecer desta terça-feira em conjunto pela Polícia Civil e Brigada Militar em cinco cidades gaúchas. Cerca de 500 policiais de ambas instituições cumpriram 60 mandados de busca e apreensão e outros nove de prisões preventivas em Canoas, Porto Alegre, Cachoeirinha, Pelotas e Charqueadas. O alvo da ação foi uma facção responsável por expulsar moradores de dois condomínios populares no bairro Rio Branco, em Canoas. O grupo criminoso preparou também uma armadilha para um policial militar, cuja sogra foi sequestrada e mantida refém pelos traficantes.

A mobilização teve apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários e da Guarda Municipal de Canoas. A equipe tática da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil e os efetivos do 1º Batalhão de Polícia de Choque (1º BPChq), Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e Força Tática do 15º BPM, todos da Brigada Militar, participaram da operação que teve ainda apoio aéreo dos helicópteros das duas corporações. Houve a prisão de dez criminosos e apreensão de armas, munições, coletes balísticos, miguelitos, toucas ninjas, radiocomunicadores e drogas, além de telefones celulares e quantias em dinheiro.

Operação cumpre mandados em 5 cidades / Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP 

Sequestro 

As investigações foram realizadas durante um ano pela Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), chefiada pelo delegado Thiago Lacerda, e pelo 15º BPM, sob comando do tenente coronel Jorge Dirceu Filho. O ponto de partida do trabalho investigativo começou quando a organização criminosa infiltrou-se em dois condomínios do programa Minha Casa Minha Vida no bairro Rio Branco, em Canoas, exercendo até vigilância armada nas portarias. Moradores foram expulsos ou ameaçados para colaborarem com o tráfico de drogas. Integrantes da facção ocupavam os imóveis abandonados e reforçavam assim a presença da facção.

Em outubro do ano passado, os traficantes sequestraram inclusive a mãe da namorada de um policial militar do 15º BPM e ameaçaram a senhora, que residia em um dos condomínios, para obter dados sobre o brigadiano. A intenção era planejar um atentado convinham sendo sentidos pela facção.

A sogra do policial militar teve até uma arma apontada para a cabeça no período em que permaneceu refém e fez contato com a filha por telefone celular que recebeu a foto da mãe nesta situação. Os criminosos queriam dados e endereço da moradia do brigadiano e exigiam também pagamento de resgate para libertar a vítima. A Brigada Militar interveio e conseguiu colocar um fim na extorsão mediante sequestro. A vítima foi colocada então no programa estadual de proteção a testemunhas devido aos riscos de represália, sendo obrigada a abandonar o condomínio por medida de segurança.

A apuração do caso apontou que os contatos vinham do sistema prisional. Oito criminosos foram identificados como envolvidos. Um dos porteiros dos condomínios também atuava a favor da facção e deu cobertura no sequestro da sogra do brigadiano, sendo expedida igualmente ordem judicial de prisão contra ele. Já um dos investigados foi o mandante do ataque contra um ônibus que foi incendiado em um terminal no ano passado no bairro Mathias Velho, em Canoas. Na ocasião, ele foi preso em flagrante.

Resposta 

O delegado Thiago Lacerda destacou que “o objetivo foi desarticular parte do crime organizado na cidade”. Já o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ªDPRM), delegado Mario Souza, enfatizou a restauração da “ordem nos condomínios”. Segundo ele, três situações chamaram atenção. “A primeira foi o ataque ao Estado, no momento em que os criminosos, planejam e executam um crime de extorsão mediante sequestro contra um familiar do policial militar com intenção de atentar contra o policial”, disse.

“A segunda foi a busca da facção pelo controle dos condomínios, infiltrando-se inclusive na administração dos condomínios como na portaria de um dos condomínios. Já a terceira foi a realização da expulsão de 23 famílias de moradores dos condomínios”, acrescentou.

Por sua vez, o tenente coronel Jorge Dirceu Filho observou que os criminosos queriam executar o policial militar do 15º BPM. “Foi um afronta e não admitimos isso. Esta operação foi uma resposta do Estado e uma resposta do Poder Público contra esta organização criminosa. No momento em que os criminosos fazem isso contra o policial militar foi uma afronta toda a instituição da BM”, declarou.

De acordo com o comandante do 15º BPM, existe “uma cifra oculta de mais moradores expulsos que não compactuavam e não aceitavam ficar guardando armas e drogas”. O tenente coronel Jorge Dirceu Filho confirmou que os traficantes “expulsavam os moradores e os imóveis eram oferecidos para outros membros da organização”.

O policiamento ostensivo no entorno dos dois condomínios será mantido pelo 15º BPM para assegurar a tranquilidade da comunidade e a prefeitura está realizando um novo recadastramento de moradores.


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