Facção que movimentou R$ 600 milhões é alvo da Polícia Civil em sete cidades gaúchas

Facção que movimentou R$ 600 milhões é alvo da Polícia Civil em sete cidades gaúchas

Ação da 5ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Capital visou a lavagem de dinheiro da organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e execuções

Correio do Povo

Suspeito ligado ao núcleo gerencial e logístico do grupo foi preso

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Uma facção criminosa que movimentou mais de R$ 600 milhões em cinco anos foi alvo ao amanhecer desta terça-feira da primeira fase da operação Magnus, deflagrada pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, nas cidades de Porto Alegre, Gravataí, Viamão, Cachoeirinha, Guaíba, Sapiranga e Torres. A ação foi conduzida pela 5ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (5ª DPHPP) da Capital, sob comando do delegado Gabriel Lourenço.

“É muito importante para o Departamento de Homicídios, uma vez que 90% dos homicídios são praticados no contexto da criminalidade organizada, atuar também com foco na desmobilização dessas organizações criminosas. A desmobilização e descapitalização desses grupos impactam diretamente na redução dos homicídios”, avaliou a diretora do DHPP, delegada Vanessa Pitrez.

“São menos armas, menos membros atraídos e arregimentados para a prática desses crimes violentos. Essa investigação é mais uma demonstração da capilarização do DPHPP no sentido de elucidar os homicídios, como também usar estratégias de investigação com inteligência policial e investigação de crimes correlatos para buscar o estancamento e a redução da prática de homicídios”, ressaltou ela.

A investigação começou em setembro do ano passado e focou em uma organização criminosa nascida no bairro Vila Jardim, em Porto Alegre. “O crime organizado perpassa pelo cometimento de diversos delitos. As organizações criminosas, que exploram sobretudo o tráfico de drogas, normalmente se valem dos homicídios para expandirem os domínios de seus territórios e, com isso, eles aumentam o número de pontos de tráfico”, explicou o delegado Gabriel Lourenço.

“Necessariamente ocorre um aumento no faturamento do tráfico de drogas e esses lucros, esses valores posteriormente são enviados para empresas e contas de laranjas para serem branqueados e reinseridos na economia…”, acrescentou, referindo-se à lavagem de dinheiro. “Essas organizações criminosas tentam lavar esses valores”, enfatizou.

Houve o cumprimento de 66 ordens judiciais, incluindo 21 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio judicial de 15 contas bancárias e quebras de dados, durante a operação desta terça-feira. Duas armas de fogo, entorpecentes, dinheiro, material de embalagem de entorpecentes e um veículo, entre outros objetos, foram recolhidos. Um suspeito foi preso. Um segundo alvo importante encontra-se foragido. As fichas criminais deles juntas registram mais de 40 homicídios  

Sobre o preso na ação desta terça-feira, o titular da 5ª DPHPP revelou que trata-se do bisneto do ex-presidente da República Jango Goulart, deposto no golpe militar de 64. “Ele pertence ao núcleo gerencial e logístico dessa organização criminosa. Ele seria um dos principais responsáveis por movimentar drogas, armas e arrecadar os valores”, resumiu. O suspeito foi detido no bairro Hípica, na Zona Sul da Capital.

O ponto de partida do trabalho investigativo foi a apreensão de um aparelho telefônico de uma das principais lideranças da organização criminosa. A extração e análise do conteúdo do celular revelaram diversas informações que ajudaram a desnudar o cotidiano da facção, sendo identificada a hierarquização dos integrantes da facção.

A ação desta manhã contou com a participação de policiais militares do Comando de Policiamento da Capital (CPC) e do 20º BPM. “As investigações prosseguem...A gente espera arrecadar muito mais materialidade e responsabilizar muito mais criminosos. Ao término disso enviar esse inquérito ao Poder Judiciário”, adiantou o delegado Gabriel Lourenço.

Foto: Mauro Schaefer / CP


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