"Fui da morte à vida em apenas duas semanas", diz esposa de policial morto

"Fui da morte à vida em apenas duas semanas", diz esposa de policial morto

Mulher do escrivão Rodrigo Wilsen, assassinado em junho durante operação, descobriu que está grávida

Jessica Hübler

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Duas semanas após a morte do escrivão da Polícia Civil Rodrigo Wilsen da Silveira, 39 anos, durante operação contra o narcotráfico em Gravataí, a sua esposa, a também escrivã Raquel Biscaglia Mozzaquatro, de 35 anos, descobriu que já estava grávida quando participou da ação ao lado do marido. A gestação, que se aproxima do 2º mês, trouxe esperança e força para Raquel. Segundo ela, a gravidez era um dos maiores desejos de Rodrigo. “Ele sempre dizia que o nosso amor merecia um filho. Desde fevereiro nós estávamos planejando”, disse. “A minha esperança se renovou”.

A notícia foi recebida com uma mistura de sentimentos pela escrivã, mas também foi responsável por secar as lágrimas que não cessavam desde o último dia 23. “Senti medo por estar sozinha e fiquei um pouco triste por Rodrigo não estar aqui, mas também é uma felicidade e um conforto que se transformaram em esperança”, detalhou. Raquel ficou sabendo da gravidez na última quarta-feira quando o “positivo” apareceu em um teste de farmácia. “Naquela noite, sonhei que Rodrigo já sabia de minha gravidez”, revelou a policial.

Tranquilidade

A confirmação da gestação foi dada ontem após a realização de exames médicos. “Fui da morte à vida em duas semanas. Foi o primeiro dia em que eu não chorei”, comentou. “Estou mais tranquila, mais calma”, definiu. Se for menina, Raquel garantiu que o nome da criança será Lara, o que já havia sido combinado com o marido no tempo em que ainda planejavam ter um filho. “Nós não tínhamos conversado sobre a possibilidade de ser um menino, mas quem sabe não seja Rodrigo?”, especulou. “Em homenagem ao pai”, complementou.

Segundo a escrivã, os quatro irmãos, dois filhos de Rodrigo de um outro casamento e dois da escrivã, de um outro relacionamento, ficaram eufóricos com a notícia. “Eles adoram crianças e eu sempre quis família grande”, comentou. “Toda minha família, toda a família do Rodrigo, todos vão dar muito amor a esse nenê, que é um pedacinho dele (Rodrigo) que ficará para sempre comigo”, comentou.

Raquel, que está afastada do serviço devido à morte do marido, garantiu que continuará na Polícia Civil. “É a minha profissão, foi onde eu conheci Rodrigo. Foi a profissão que me proporcionou uma vida maravilhosa ao lado dele”, justificou, reforçando que irá transformar toda a dor dos últimos dias em “força e amor”, por ela, pelos cinco filhos e por Rodrigo.

O escrivão foi atingido na cabeça durante operação de combate ao tráfico de drogas em um imóvel. Em uma dos quartos da casa estavam quatro pessoas, três homens e uma mulher, todos armados. O homem que atirou no policial foi preso. Rodrigo foi conduzido ao Hospital Dom João Becker, mas não resistiu ao ferimento.

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