Indiciado pela Polícia Civil, aluno do curso de Filosofia é desligado da Ufrgs, em Porto Alegre

Indiciado pela Polícia Civil, aluno do curso de Filosofia é desligado da Ufrgs, em Porto Alegre

Portaria foi assinada nessa quinta-feira pelo reitor Carlos André Bulhões Mendes

Correio do Povo

Estudante cometeu crime de racismo qualificado

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Após ser investigado e indiciado pelo crime de racismo qualificado pela Polícia Civil, o estudante de doutorado no curso de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), de 29 anos, foi desligado da instituição. A portaria que confirmou o desligamento do aluno foi assinada pelo reitor Carlos André Bulhões Mendes nessa quinta-feira.

A decisão foi baseada no artigo 10, inciso V, da Resolução nº 07/2004-CEPE. Este trecho do Código Disciplinar Discente impõe punições gravíssimas aos alunos que forem enquadrados em caso de discriminação. O artigo 10 inclui entre as infrações gravíssimas “praticar, induzir ou incitar, por qualquer meio, a discriminação ou preconceito de gênero, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual ou procedência”.

Em outubro do ano passado, o Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Ufrgs já havia informado que o caso estava sendo investigado internamente, por meio de um processo disciplinar. Liderado pelo Centro Acadêmico de Políticas Públicas da Ufrgs, os diretórios estudantis da universidade circularam um abaixo-assinado para que o estudante fosse expulso da instituição.

No mesmo mês, a titular da Delegacia de Combate à Intolerância (DPCI) da Polícia Civil, delegada Andréa Mattos, indiciou o aluno por crime de racismo qualificado contido nas mensagens agressivas contra um aluno do curso de Políticas Públicas, de 24 anos, e a namorada deste, de 23 anos. O inquérito já passou pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e prossegue agora no Poder Judiciário. Um inquérito também tramita na Polícia Federal.

Entre outras ofensas, o universitário disse que a namorada merecia algo “muito melhor” e que os filhos do casal perderiam “uma enorme carga genética prussiana”. Nas mensagens, ele manifestou ainda nojo pelo namorado dela pois os negros “exalam um cheiro típico, liberam substâncias no ambiente e na troca de parceiros”, bem como defendeu a superioridade da raça branca.

A vítima havia denunciado os ataques racistas pelas redes sociais. “Quero deixar claro aqui que não há nada que eu me orgulhe mais na vida do que ser negro. Nada. Acredito que isso me oferece uma base histórica e força espiritual para seguir em busca dos meus ideais, tão caros a mim e tão importante àqueles que se sentem representados pelo meu trabalho. Também quero deixar claro que não uso minha raça como bengala, ao contrário de muitos negros que adotam um discurso subalterno para ascensão social (e que estão no seu direito), enxergo minha cor como meu maior amuleto", declarou na ocasião.

Já o Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Ufrgs divulgou uma nota oficial sobre o caso na época. “A respeito de recentes denúncias de ataques racistas perpetrados por um membro de seu corpo discente, e diante do caráter pouco informativo das notas publicadas recentemente por outras instâncias da Universidade, o Programa de Pós-Graduação em Filosofia vem tornar públicas, não apenas suas posições, mas sobretudo as ações que vem tomando para ver punidas e coibidas quaisquer formas de discriminação, racismo, injúria racial, desrespeito e assédio, em ações ou palavras, no âmbito do Programa”, manifestou-se na ocasião.


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